12 de setembro de 2009

Casa de Cultura de Macau pede socorro

Fotos: AG Sued
O retrato do caos cultural em Macau: O auditório equipado para abrigar 80 pessoas caiu, há infiltrações nas paredes, instalações hidráulicas e elétricas foram roubadas.
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A Casa da Cultura “Palácio dos Salineiros de Macau” foi criada pelo Governo do Estado do Rio Grande do Norte, na gestão de François Silvestre a frente da Fundação José Augusto, para incentivar a produção dos artistas macauenses e a descoberta de novos talentos. Além disso, a implantação da Casa de Cultura deu um destino nobre para um dos últimos casarões antigos da cidade ainda preservado.

A obra de reforma e adaptação do Palácio dos Salineiros teve investimento total de R$ 280 mil, assim divididos: R$ 160 mil destinados à aquisição do imóvel, R$ 30 mil para a compra do mobiliário e R$ 90 mil empregados na restauração. O prédio de arquitetura colonial pertencia ao ex- prefeito do município Albino Mello e foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Cultural.

Atualmente, o antigo prédio de 16 compartimentos está em ruínas, em total estado de abandono e sem as mínimas condições para fortalecer a identidade cultural e resgatar a história do povo de Macau. Enquanto esteve largada pelos órgãos responsáveis (leia-se Fundação José Augusto), a Casa foi saqueada várias vezes por ladrões, além de ter sido utilizada para consumo de drogas e prática de sexo.

Conforme Sônia Maria Souza da Purificação, agente de cultura e responsável pela Casa de Cultura Palácio dos Salineiros, há vários Boletins de Ocorrências feitos na Polícia Militar e entregues também à FJA. A situação estrutural da Casa de Cultura piorou durante o rigoroso inverso, com infiltrações d’água nas paredes e o desabamento do teto de alguns cômodos.

A Casa de Cultura de Macau está em estado de calamidade. Não há água para beber, os banheiros não podem ser usados porque não têm água e as instalações elétricas foram saqueadas, não existindo energia na Casa. “Não existe segurança na Casa. É trazer qualquer material para ser roubado no outro dia”, afirmou Sônia, ressaltando que a Casa de Cultura não tem vigia nem muito menos auxiliar de serviços gerais.

A Casa de Cultura deve ser interditada

Todo equipado com ar-condicionado, um mini-palco, computador e sistema de som, com condições para abrigar 80 pessoas sentadas, o auditório foi completamente destruído.
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Apesar de preparada para ser palco das manifestações culturais de Macau, a Casa de Cultura não oferece as mínimas condições de uso. Sônia da Purificação garante que foram feitos relatórios e enviados, junto com dezenas de fotografias, para os responsáveis da FJA, com pedido de “dispensa de licitação”, por causa da gravidade que se encontra o prédio que “a qualquer hora pode cair em cima da cabeça do povo”.

Em dezembro, foi feita uma reforma que custou R$ 15 mil. Mas não serviu de nada porque não houve a devida conservação do prédio. A agente de cultura garante que tentou entrar em contato com o “pessoal da FJA” solicitando a imediata interdição da Casa de Cultura de Macau. “Ou a FJA faz alguma coisa para recuperar esse prédio ou o tempo se encarrega de acabar com o que sobrou”.

Sônia relatou que o único auditório da Casa, todo equipado com ar-condicionado, um mini-palco, computador e sistema de som, com condições para abrigar 80 pessoas sentadas, foi completamente destruído pelas chuvas e saqueado pelos vândalos. “Umas pessoas da Petrobras estiveram aqui para tentar realizar um seminário e eles mesmos viram como está a situação caótica da Casa”, salientou.

Ela também disse que não há nenhuma vontade da Prefeitura de Macau em ajudar a Casa de Cultura a sair dessa situação. Conforme Sônia, o prefeito Flávio Veres esteve na Casa há uns dois meses atrás falando que está solicitando a Casa de Cultura ao Governo do Estado para ficar aos cuidados da Prefeitura. “Ele disse que tinha planos para a Casa e que a gente aguardasse. Nunca mais se falou no assunto”, disse.

A Casa da Cultura “Palácio dos Salineiros de Macau” deveria abrigar biblioteca, museu, pinacoteca, administração, auditório para 80 pessoas, duas salas para oficinas, cozinha/café e espaço cultural para eventos, com 100 metros quadrados de área coberta. Porém, a Casa de Cultura de Macau está em estado de ruínas e abandonada pelos órgãos governamentais. Sônia abre a Casa todas as manhãs e qualquer pessoa pode conferir.

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