1 de fevereiro de 2007

Lula diz que BR-304 terá orçamento fora do PAC

Presidente Lula, ao lado da governadora Wilma de Faria, visita obras na BR 101, no trecho entre Parnamirim e São José do Mipimbu.


Texto e foto: Alexandro Gurgel

Na primeira hora da tarde de ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado da governadora Wilma de Faria, visitou as obras de duplicação e restauração da BR-101 Nordeste e assistiu à pavimentação, com concreto, de um trecho da rodovia no município de Parnamirim.

Antes de visitar o canteiro de obras da BR-101 em Parnamirim, o presidente Lula esteve na cidade do Recife, onde participou da assinatura de contrato do estaleiro e da construção de 10 navios da Petrobras. "Estou visitando agora este trecho da BR-101 no Rio Grande do Norte, saio daqui e vou para Crateús, no Ceará, para inaugurar uma fábrica de biodiesel", ressaltou o presidente.

De acordo com o presidente Lula, as obras fazem parte dos programas do PAC que foram colocados como prioridade de governo. "Todos sabem a importância dessa rodovia que vai terminar ligando o Rio Grande do Norte a Bahia. E essa obra, eu diria que quando estiver concluída vai prestar um serviço ao desenvolvimento da Região Nordeste, sobretudo na área de turismo, incomensurável, porque por aqui irão transitar milhões de pessoas durante todo o ano", afirmou Lula em entrevista coletiva.

Conforme o presidente, essas obras para serem executadas é preciso que haja o acompanhamento do prefeito, do governador ou da governadora, do presidente da República, do ministro dos Transportes, porque sempre aparece uma coisa ou outra numa área diferenciada. "Uma pessoa que está morando ali, nós temos que cuidar da desapropriação, e eu fiquei muito orgulhoso quando o nosso general, responsável pela obra, disse que cada pessoa que é desapropriada, além de receber o dinheiro, eles procuram, junto com a pessoa, uma casa para a pessoa comprar, porque não é apenas dar o dinheiro e abandonar as pessoas depois", enfatizou.

O presidente disse que essa obra está lhe deixando muito otimista porque pode significar um novo padrão de rodovia para o Brasil. Segundo o presidente, a qualidade é extraordinária e que vai balizar, para as novas rodovias brasileiras e para os aeroportos, uma qualidade de serviço que já há algum tempo existe na Europa. "Nós precisamos melhorar as rodovias brasileiras, porque às vezes você inaugura uma rodovia e dois anos depois você já tem que estar com uma operação tapa-buracos porque teve problemas. Então, é preciso melhorar a qualidade", disse.

Em relação às reivindicações dos governadores, o presidente disse que o PAC não é um processo de obras que atenda apenas aos interesses de um Estado, é uma sucessão de obras de integração nacional entre as rodovias, as ferrovias, as hidrovias, aeroportos e portos. "Obviamente, se tem um Estado com uma obra importante - aqui, eu sei que a nossa governadora Wilma de Faria tem a BR-304 - nós vamos ter que discutir no orçamento fora do PAC", concluiu.

Trechos da entrevista coletiva concedida pelo presidente Lula em Natal

Presidente, e o novo Ministério sai quando?
Eu acabei de ganhar uma eleição, o time ganhou o jogo, eu não tenho pressa de estar preocupado com o governo agora. Estou preocupado é em tocar as coisas que temos que fazer. Vocês viram apenas o início, foi o PAC, daqui a pouco nós vamos implantar um programa de inclusão digital poderoso no País, daqui a pouco vamos discutir um programa de educação poderoso no País, e daqui a pouco vamos fazer um programa de inclusão de todas as políticas sociais, tentando uniformizar isso. E por quê? Porque as condições estão dadas. Quem quiser fazer outra coisa, faça. O meu compromisso, agora, é cumprir com aquilo que eu assumi durante a campanha: fazer este País crescer, melhorar a infra-estrutura, melhorar a qualidade de vida do povo, fazer mais política social é o meu compromisso.

O desenvolvimento sustentável é a grande marca do PAC?
Vai ser a grande marca do PAC. Eu não posso dizer se uma ou outra cidade vai ser beneficiada, ou seja, o Brasil vai ser beneficiado porque esse é um programa de integração nacional, de combinação perfeita entre um intermodal de transporte, passando por energia elétrica, ou seja, nós estamos, na verdade, preparando o Brasil para as próximas gerações. Quem entrar, depois de 2010, vai pegar o Brasil infinitamente melhor, mais saudável do que eu peguei.

Como o senhor está lidando com as reivindicações do PT, em relação a espaço no governo?
Eu nasci na vida política fazendo reivindicação. Portanto, quem quiser fazer reivindicação, o nome sou eu. Eu sou um recipiente de reivindicações. Obviamente que cada partido político tem sua demanda, cada partido político quer uma coisa, cada segmento da sociedade quer uma coisa. Isso, quem decide sou eu, na hora em que eu quiser tomar a decisão de que eu vou fazer a montagem do governo para o segundo mandato. Eu vou tomar aquilo que estiver na minha cabeça, aquilo que for melhor, porque tem que ter, primeiro, duas coisas que são fundamentais: competência profissional e técnica.

E que sejam mais amigos do governo, então?
Veja, certamente todos serão amigos, até porque não colocarei um inimigo no governo. Todos serão amigos. Agora, amigos à parte, trabalho é coisa séria.

O senhor falou em infra-estrutura...
O que é importante no PAC, gente, é o Conselho Gestor. Nós não permitiremos que ninguém, individualmente, seja responsável por essa ou por aquela obra. O governo, com o Conselho Gestor, vai acompanhar isso semanalmente, quinzenalmente, e eu, a cada 15 dias, quero um relatório de cada obra que foi destinada ao PAC: o que está acontecendo, se já saiu licença prévia, se já fez licitação, se já está em andamento, o que está acontecendo. Porque eu aprendi o seguinte: o porco engorda se tiver o olho do dono tomando conta dele. Se deixar terceirizar, acabou.

Melhorias da BR-101 serão uns dos principais benefícios para o Estado

O trecho em obras na BR- 101, que vai de Natal a João Pessoa, possui a extensão de 46,2 km, dos quais 12 km já foram restaurados e 35 km tiveram as obras de pavimentação iniciadas na semana passada.

De acordo com um dos engenheiros militares, o pavimento de concreto tem resistência maior do que o convencional em asfalto, exigindo menos trabalho de manutenção. "O equipamento usado pelo Exército do RN permite a concretagem de 350 m por dia, com uma camada de 32 cm de espessura", destacou.

De acordo com a assessoria de imprensa da presidência, a obra de duplicação da BR- 101 Nordeste tem 335 km de extensão, do Rio Grande do Norte a Pernambuco, custo estimado em R$ 1,438 bilhão, e beneficiará diretamente 5,2 milhões de habitantes da região. Com as obras de duplicação e restauração a rodovia passa a oferecer melhores condições para o tráfego de veículos, estimado em 25 mil carros por dia em alguns trechos.

A rodovia foi dividida em oito trechos, dos quais três estão sob responsabilidade de batalhões de engenharia do Exército, e cinco com consórcios privados. No trecho da visita, as obras estão a cargo do 1º Batalhão de Engenharia de Construção do Exército (1º BEC), com investimento de R$ 107 milhões para desmatamento, terraplenagem e pavimentação.

A BR-101 liga o Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, com vários trechos em duplicação ou já duplicados. A rodovia é um importante corredor turístico e principal ligação entre os estados da Região Nordeste, passando por Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Além disso, atende corredores de exportação, propiciando acesso a alguns dos principais portos das regiões de Natal (RN), Cabedelo (PB), Recife e Suape (PE).

A BR-101 Nordeste também receberá investimentos em outros trechos e foi incluída entre as prioridades do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O PAC, que tem cronograma até 2010, dá destaque especial às ações em transportes, com o objetivo de aumentar a eficiência produtiva em áreas consolidadas, possibilitar o desenvolvimento em áreas de expansão de fronteira agrícola e mineral, reduzir as desigualdades regionais e facilitar a integração regional sul-americana.

Estão programadas no PAC ações em 45,3 mil km de rodovias, dos quais 42 mil km serão recuperados, adequados/duplicados e construídos por iniciativa do governo e 3,2 mil km serão beneficiados pelo setor privado. As iniciativas previstas no PAC incluem ainda intervenções em ferrovias, portos e hidrovias, que somadas aos investimentos em rodovias totalizam R$ 55,3 bilhões.

Matéria publicada no jornal O Mossoroense, em 1º de fevereiro de 2007.

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