24 de fevereiro de 2007

Sos Instituto Histórico do RN

O Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte está correndo o risco de perder seu arcevo de livros e documentos.

Um dos patrimônios da memória potiguar e porque não dizer do Brasil, pede socorro. O Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN) corre o risco de perder uma significativa parte do seu acervo de livros e documentos se uma ação não for empreendida o quanto antes.

Livros, documentos, jornais e revistas históricas estão se deteriorando devido as inadequadas instalações físicas onde estão guardados cerca de 50 mil livros e 25 mil documentos. Um grupo de historiadores e arquitetos ouviram o apelo do próprio presidente do IHGRN, Enélio Petrovich sobre a situação.

Situação realmente preocupante. O visitante que adentra o Instituto Histórico se depara com um quadro grave: o estado físico do prédio com rachaduras e infiltrações e sem o arejamento ideal, condena o acervo a uma perda inevitável. As condições em que estão mantidas as publicações não são nem de longe as ideais. Boa parte delas estão rasgadas, com páginas perdidas, sem quaisquer condições de manuseio.

Diante do quadro, a Comissão de Conservação de Património - CAOPMA e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN estão definindo estratégias para recuperação do IHG. Na semana passada esteve em Natal a professora Lygia Guimarães, responsável pela área de Conservação de Documentos do IPHAN/RJ. A historiadora se mostrou muito preocupada com as condições da instituição potiguar.

‘‘A situação é grave e o tempo de agirmos é agora. Este prédio precisa de condições adequadas para a conservação do seu acervo e o IPHAN foi chamado para diagnosticar as condições e oferecer suporte técnico’’, explica Lygia. Ao lado dela está um grupo de pesquisadores e técnicos dispostos a elaborar um projeto de recuperação do IHG/RN. A equipe é formada também pelo historiador Cláudio Galvão, Ilana Felix, da Capitania das Artes; historiador do IPHAN/RN, Romero de Oliveira e pala arquiteta Carina Mendes, também do IPHAN potiguar.

Infiltrações

No Instituto Histórico e Geográfico do RN há infiltrações no salão onde está acomodada a maioria do acervo. ‘‘Isso compromete a preservação das obras’’, observa Cláudio Galvão. Os livros, muitos deles raros e datados dos séculos 17 e 18 estão dispostos nas prateleiras de forma indevida. ‘‘Isso favorece a rápida deteriorização’’, explica Lygia Guimarães. Em vários pontos podem ser detectados pontos de infiltrações no teto feito de madeira, material inadequado para dar cobertura ao prédio. Há também a falta de circulação adequada de ar, o que favorece a proliferação de organismos como fungos, brocas e cupins. O projeto de recuperação prevê, inclusive, a mudança do teto para cimento estucado.

Dentro do prédio há ainda um mezanino onde se podem encontrar várias obras guardadas em péssimas condições. A reportagem observou obras jogadas no chão e já deterioradas pelo ação do tempo. ‘‘É preciso se tomar medidas urgentes em relação ao quadro em que se encontra o instituto. É necessária a ação conjunta do município, do estado e da União, pois entendemos que o acervo que está aqui guardado não é apenas patrimônio potiguar, mas da história brasileira’’, alerta Lygia Guimarães.

Destacando a importância nacional do acervo do IHG/RN, Lygia reforça que todas as instâncias devem se envolver no projeto de recuperação. Ela frisa que o problema não é apenas no Rio Grande do Norte. ‘‘Institutos históricos de outros estados passam por dificuldades financeiras. Acho que estas instituições não podem viver apenas de doações. Elas devem conseguir condições de se auto sustentarem’’, reforça.
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