9 de junho de 2007

O Prefeito Maluquinho

Arte: Túlio Ratto
Troféu Papangu - Maio de 2007

O natalense e todos que acompanham o cenário político estadual estão estranhando o comportamento do prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, nesses últimos meses, tanto que já o batizaram de O Prefeito Maluquinho, alusão ao famoso personagem Menino Maluquinho, do cartunista Ziraldo. Carlos tem tomado decisões que a mainha mais tolerante da terra de Poti reprovaria. Parece até que esse menino bebeu água de chocalho, pois diz coisas que normalmente não ousaria dizer, além de atuar desarvorado nesse grande parque de diversões — o que espanta até mesmo o mais famoso mocinho nesse trívoli-político-vicioso.

Um político que sempre manteve uma postura serena e introspectiva, com um discurso firme e coerente, parece que perdeu de vez o senso, quando, girando feito carrapeta, prega peças nos amiguinhos brincando de fazer política.

Em travessura recente, o prefeito Maluquinho deixou em polvorosa toda a capital quando mandou derrubar várias árvores da terra de Cascudo, indo na contramão da preocupação ambiental com as próximas gerações. Explicamos: Para alargar a avenida Bernardo Vieira, uma das principais artérias da cidade, nosso menino de ouro não deixou nem um tronquinho de árvore para contar a triste história. Não achou pouco e, talvez querendo ver a bombinha estourar no espinhaço dos ecologistas de plantão, resolveu construir o Parque da Cidade sobre as dunas da Zona de Proteção Ambiental entre os bairros de Candelária e Cidade Satélite. Esse menino danado fez a poeira cobrir a cidade dos Reis Magos.

Diante da teimosia, o Ministério Público solicitou a intervenção da Justiça para preservar os importantes aqüíferos naquele subsolo e pediu o embargo das obras do Parque, cuja área é de 600 hectares e tem um orçamento previsto de R$ 17 milhões, que foi planejado pelo renomado arquiteto Oscar Niemeyer.

Na cirandinha da política, feito um menino traquina, o posicionamento de Carlinhos tem tirado o sono de Tia Wilma, que ainda mantém (não se sabe até quando) a tutela do jovem prefeito. Primeiro, demitiu Marilene Dantas, amiga íntima da governadora, da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur), um cargo que ela ocupava há muito tempo; depois, andou dizendo que o Governo do Estado não deu nenhuma moedinha para a reforma do estádio Machadão, e nem convidou a sua líder para a visita oficial às obras. E, pasmem, na inauguração, quando soube que tia Wilma viria prestigiar a retirada da fazenda que cobria a placa inaugural, mandou esconder as medalhas que agraciaria vários políticos. Irritadíssimo, o menino peralta, ainda modificou parte da programação — as medalhas terminaram "esquecidas" em um carro de sua assessoria.

Mas também, pai e mãe não faltarão para essa obra, né verdade?

Por esses dias, a “fábrica de boatos” da Estrela dá conta de uma reaproximação do invocado prefeito com os antigos titios aliados, que ficaram de mal desde que o guri arengou com todos para se juntar à turma de Tia Wilma. O leitor de Papangu sabe de que depois da derrota na última eleição para o Governo do Estado, o clã dos Alves busca se fortalecer unindo forças para que seus bacuraus ganhem o máximo de municípios na próxima eleição do ano vindouro e querem acima de tudo conquistar a máquina da prefeitura da capital, que é estratégica. O tio Gari já disse até que receberia Carlinhos de braços abertos no seio da família, “de onde nunca deveria ter saído”. O primo, deputado Copa do Mundo, Henriquinho Rico Alves, com quem andava junto, antes mesmo da bimbinha penujar, afirmou que acha muito natural que o prefeito natalense retorne à casa materna.

Enquanto brinca com todo mundo de esconde-esconde, de bila, pião e com o brinquedo predileto dos nossos detentores de cargos públicos, o ioiô, esse menininho tem buscado formar uma nova força política na capital, elegendo seu sucessor na prefeitura para assim fortalecer a sua candidatura de deputado estadual ou federal em 2010.

Por agora, nós nos adiantamos um pouquinho ao presentear esse meninão com o disputado Troféu Papangu do mês de maio. Bondade de nossa parte, afinal, o Dia das Crianças ainda está muito distante.

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