1 de agosto de 2007

Poemas devassos de Séfora Mandarina

A partir dessa postagem, o Grande Ponto tem a honra de apresentar, com exclusividade, a poesia de Séfora Mandarina. Ela nasceu em Tramandaí, balneário turístico do Rio Grande do Sul, tem 37 anos, é do signo de Leão (É mesmo uma leoa!), morou em Marseille, na França, e em Amsterdam, Holanda, onde viveu com um companheiro que era músico de jazz (que faleceu de overdose de heroína em 1996). Séfora mora, hoje, em uma cidade do Estado de São Paulo (não identificada), praticamente anônima. Conta com alguns poucos amigos que tratam de difundir sua poesia.

AG Sued
Olhos Atentos
Séfora Mandarina, Tramandaí RS

Por que tu olhas para mim?
Sei que tu olhas.
Estás investigando meu corpo,
meu crime,
por entre as fendas,
as da porta,
as minhas fendas,
minhas, minhas,
abertas ao mundo.

Ora, se meu banho está por findar
e permaneço nua e suja –
do mundo, das pessoas,
dos homens (e das outras mulheres) –
por quê te interessa me descobrir?

A sujeira de mim mesma,
escorrendo ao ralo,
meu sangue e meus suores vis,
minhas vergonhas todas.
Todas, todas, entrego-te
num cálice de prata
de que bebo o primeiro gole.

Vinho tinto, denso, doce,
escorrendo na carne de teus lábios
a que entrego meus seios pálidos.

Somente assim, engano-te.
Somente assim, seduzo-te.

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