23 de agosto de 2007

Por que sou ABCedista desde criancinha

ARTIGO
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Jornalista
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Nuca fui muito afeito a essas paixões cegas (qual não é?) por times de futebol, partidos, escolas de samba. Isso não que dizer que não me empolgue e torça aos gritos e palavrões em disputas de qualquer natureza. O problema é que, quando entro para um lado, começo a olhar as coisas de dentro de forma critica, o que sempre incomoda os donos da bola. Por isso sou um torcedor meio chué, que não se abala com derrotas do time e sabe rir das próprias desgraças.

Quando era criança, por volta dos meus 8, 9 anos, morando no interior, pelo menos uma vez por mês vinha até à capital acompanhando minha mãe nas visitas aos meus irmãos que moravam aqui, na esquina da Galeria Vila Flor, de Augusto Severo Neto. Bem aqui no Centro, rua General Varela, antiga Vila Palatinik.


No final de semana ia à praia do Forte, que divide suas águas com a saída do Potengi e os esgotos de Natal. Mas isso já é uma outra história.

Pois bem, lá estava eu na Praia do Forte. Branco, aliás, eurodescendente, cabelo loiro, olho claro, típico galego de água doce do Seridó, buscando novos amigos junto a uma galerinha da capital da mesma idade, que também estava na praia. Corre pra lá, mergulha daqui. De repente estávamos todos reunidos para iniciar uma pelada. Chegam mais meninos, faz aquela roda e de repente um deles, recém chegado me encara e pergunta:

-Você é Americano?

Mesmo com meus 8 anos sabia das histórias de Natal, da Guerra, da presença dos gringos em nossas terras e também dos filhos que diziam haviam ficado aqui quando os B-52 partiram para o front.

Imediantamente e de forma até enérgica respondi:

-Não, claro que não!

O novo colega emendou na bucha:

-Então é ABCedista!

Aí caiu a ficha (que nem existia nessa época). Para não ficar mal diante da nova turma tive que concordar.

-É, sou ABCedista.

E fiquei assim até hoje. Quando vim morar aqui fiquei sócio do América, treinei em suas piscinas, brinquei carnaval nos seus salões, mas nunca consegui trair essa primeira confirmação.

Pois é, não sou americano, sou ABCedista desde criancinha.

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