6 de setembro de 2007

Dois poemas de Marize de Castro, Natal RN

Estou possuída

estou possuída por profundidades.
a boca do mundo, aberta, pergunta:
- no que você acredita?
- no que devora.
- o esquecimento?
- o esquecimento. a delicadeza. o desejo.
- qual o caminho deste amor?
- treva e seta. abismo e cegueira.
aceito o meu destino:
consagro-me a constelações distantes.
quase roço o céu.

*-*

Nadamos juntas

nadamos juntas.
deixamos resíduos para os navegantes.
salve-me, ela pede.
da ambigüidade? da loucura? pergunto-lhe.
da falta de sentido. ela sussurra.
revejo cidades: coríntio, tebas, colona.
desenterro guirlandas.
espere-me. ela implora.
tem fome e me desconhece.
lágrimas de outros séculos passeiam no meu rosto.
oculto-me em ametista e ritmo.
nenhum remorso.

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