3 de dezembro de 2007

Parabéns ABC


por Leonardo Sodré

Torço pelo América Futebol Clube, de Natal, o último colocado da Série “A” do Campeonato Brasileiro, com apenas 17 pontos. Torço por inércia. Meu pai era “americano” e eu vivia nas proximidades do clube, onde fui atleta amador no time juvenil de futebol de salão, nos anos 1960. Fui influenciado pelos dois. Um, por ser a minha referência e outro por ter me acolhido. Logo eu, um “perna-de-pau”. Hoje sou um “americano” mais do que convicto.

Acompanhei silenciosamente as discussões nos últimos 15 dias sobre a possibilidade do ABC conseguir subir para a Série “B” do campeonato. Confesso que muitas vezes fiquei incomodado com alguns “americanos” que desejavam a todo custo que o ABC continuasse – e aí já seria o décimo segundo ano -, na Série “C”. Vi até abecistas (o nome esse mesmo porque a agremiação não se chama ABCD) apostarem contra o seu time, com relação à possibilidade de classificação depois das derrotas antes do jogo contra o Bragantino, que ainda ficaria a mercê de outro resultado. Esses objetivavam lucros. Perderam dinheiro e ganharam alegria.

Uma situação difícil, que foi encarada pela torcida do ABC de forma heróica. Bonita de se ver. Eu reforcei essa torcida. Não fui ao campo porque sou medroso diante de multidões. Fui ver na AABB, pela televisão, com meus amigos americanos. Confesso que gritei, que vibrei e que torci muito para que o ABC conseguisse se classificar. Fui admoestado por alguns companheiros que não entenderam que o time alvinegro subindo, seria bom para o futebol do Rio Grande do Norte. Inclusive financeiramente. Imaginem que o Corinthians irá jogar em Natal no mínimo duas vezes no próximo ano.

Fiquei muito feliz pela vitória e pelo time do ABC ter conseguido o seu principal objetivo: a Série “B”. Mais ainda porque agora os dois principais times do Rio Grande do Norte estão em condições iguais. E, cá entre nós: ainda não estamos prontos para enfrentar a ditadura econômica da Série “A”. Estaríamos, tanto o América quanto o ABC, se as verbas distribuídas pela CBF fossem iguais para todos os times. Mas a história é outra e todo mundo sabe que o “vil metal” é o determinante de muitas regras, tanto que se fala numa decisão da CBF de somente subir e ou descer dois clubes nas séries “B” e “C”, para que quantidade de times disputantes fique do tamanho da Série “A”. Sim, porque para a CBF interessa dinheiro, clubes que encham estádios.

O ABC foi heróico. Representou o Rio Grande do Norte num campeonato com 64 times e foi um dos quatro melhores. Orgulhou a terra potiguar. Fez bonito. Parabéns ABC.

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