27 de maio de 2008

Poema matuto de um corno manso

Autor desconhecido

Nascí no Sítio Belém
Lá vivi e me criei
E desde criança jurei
Nunca casá com ninguém.

Por arte num sei de quem
Com Maria me encontrei
Quebrei tudo que jurei
Passei dois mês namorando
Passei três mês me ajeitando
Cum cinco mês, me casei

Me casei e me mudei
La pras banda do riacho
Onde perto morava um macho
Iludidor de muié

Um tal dum Joca Rumeu
Que um dia me apareceu
Cum jeito muito estranho
E cuns ói desse tamanho
Reparando pra Maria

Adispois de uns dias passado
Eu reparei que tinha um sócio
Maria inventou um negócio
De nóis drumi separado
Inventou um bucho inchado
Uma dor de ouvido, umas frieira no pé
Essas manhas de muié, quando quer deixar o marido

Eu vivia dizendo
Que talvez nun me acostume
Os amor deles crescendo
E eu morrendo de ciúme

E ele tratou de buscá ela
Logo no raiar do dia
E eu gritava e dizia:
Volta Maria. Volta pra onde tu vivia

Mas quanto mais eu gritava, antonce
Mas os sem vergonhe corria
Cum oito anos depois
Maria me apareceu

Deixou o Joca Rumeu
E chegou toda déferente
Cuns oito fio na frente
Uns cum tosse e outros cum gôgo
Eu tenho comido é fogo
Pra sustentar tanta gente...

Nenhum comentário: