18 de junho de 2008

Um poema de Lívio Oliveira

Famélica

Posto que me entregaste
tua seiva e saliva,
tua vontade e teu gesto,
teu nome e origem,
tuas formas,
sabores, perfume,
tuas íntimas loucuras,
teus pensamentos longíquos,
não há como negar
destinar-me,
destituir-me,
sem salvação,
aos teus dentes de coiote,
a tua sede de loba no deserto,
a tua fome devoradora
de leoa enclausurada.

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