2 de novembro de 2008

Dicas de Leitura

A carne, de Júlio Ribeiro
“O doutor Lopes Matoso não foi precisamente o que se pode chamar de umhomem feliz.
Aos dezoito anos de sua vida, quando apenas tinha completado o seu curso depreparatórios, perdeu pai e mãe com poucos meses de intervalo.
Ficou-lhe como tutor um amigo da família, o coronel Barbosa, que o fezcontinuar com os estudos e formar-se em Direito.
No dia seguinte ao da formatura, o honesto tutor passou-lhe a gerência daavultada fortuna que lhe coubera, dizendo:
– Está rico, menino, está formado, tem um bonito futuro diante de si. Agora étratar de casar, de ter filhos, de galgar posição. Se eu tivesse filha você já tinha noiva; não tenho, procure-a você mesmo.
Lopes Matoso não gastou muito tempo em procurar: casou-se logo com umaprima de quem sempre gostara, e junto à qual viveu felicíssimo por espaço de dois anos.
Ao começar o terceiro, morreu a esposa, de parto, deixando-lhe uma filhinha.
Lopes Matoso vergou à força do golpe, mas, como homem forte que era, não sedeixou abater de vez; reergueu-se e aceitou a nova ordem de coisas que lhe era impostapela imparcialidade brutal da natureza.”
Leia o texto na íntegra

Poemas Malditos, de Alvarez Azevedo
“De tanta inspiração e tanta vida
Que os nervos convulsivos inflamava
E ardia sem conforto.. .
O que resta? uma sombra esvaecida,
Um triste que sem mãe agonizava...
Resta um poeta morto!

Morrer! e resvalar na sepultura.
Frias na fronte as ilusões - no peito
Quebrado o coração!
Nem saudades levar da vida impura
Onde arquejou de fome...
sem um leito!
Em treva e solidão!

Tu foste como o sol; tu parecias
Ter na aurora da vida a eternidade
Na larga fronte escrita...
Porém não voltarás como surgias!
Apagou-se teu sol da mocidade
Numa treva maldita!

Tua estrela mentiu. E do fadário
De tua vida a página primeira
Na tumba se rasgou...
Pobre gênio de Deus, nem um sudário!
Nem túmulo nem cruz! como a caveira
Que um lobo devorou!. . .”
Leia o texto na íntegra

Julio Cortázar (1914-1984)
“Me chamam de mestre enquanto eu mesmo preferia seguir me imaginando, até o dia de minha morte, como um simples diletante da literatura. Sinto grande admiração pelos escritores profissionais, porém, no que me diz respeito, a literatura sempre foi e será um exercício lúdico. Dou-me conta agora de que em mim há aspectos que podem parecer contraditórios. Por exemplo, alguns críticos e leitores, geralmente gente séria, se surpreendem com o amor pelo boxe: o vêem como um paradoxo em um escritor que julgam muito refinado. Para mim, no entanto, o boxe – obviamente quando praticado em um certo nível – possui lances estéticos de grande beleza. Também existem aquele que se maravilham de que prefira viver na cidade, que goste de caminhar. E os que consideram pouco sério que eu passe horas inteiras nos bares acompanhados pelos amigos. No entanto, tudo isso é parte de mim. Preciso muito desse contato com os demais, ainda que defenda minha solidão. Por exemplo: não gosto das multidões. Sinto-me descontente com elas, incluindo aqui quando se trata de gente com a que compartilho ideais e lutas políticas, como é o caso de Nicarágua e Cuba.”
Entrevista concedida em 1984 à Jean Montalbetti

Biografia
Entrevista realizada em 1977, pelo programa A Fondo (em espanhol)
Conto Casa tomada no site Releituras
Trabalho acadêmico que reflete sobre o exílio de Cortazar
Los Autonautas de la Cosmopista, na íntegra
Página sobre o autor
Matéria sobre o lúdico nos livros do Cortazar
Rayuel lido pelo próprio autor
Trecho de documentário sobre Cortazar

Um comentário:

Unknown disse...

Vou deixar aqui a minha dica...

O livro A Ordem é Amém de John Chelh, um livro incrivel que eu acabei de ler, epero que gostem ele fala de um falso pastor que faz coisas inacreditaveis mais Deus tem planos pra sua vida...eu o achei no site: www.seteseveneditora.com.br