Lampião Ainda é Vivo no Coração do Nordeste
Sendo filho de José
E Maria, qual Jesus,
Uma diferente cruz,
Que não era a cruz da fé,
Leva o menino, que é
Fruto do nosso Nordeste.
E, assim sendo, de "peste"
Por muitos foi nomeado,
Sendo, portanto, odiado
E tido por cafajeste.
As brincadeiras da infância
Tinham a ver com o que via.
E à medida que crescia
Uma ou outra circunstância
Dentre muitas, traz a ânsia
De lutar com veemência
Por sua sobrevivência.
Assim, talvez revoltado,
Tenha, então, se transformado
Em um ser de violência.
Injustamente tratado
Pelos donos do poder,
Virgulino vê crescer,
Em si, raiva. E, revoltado,
Deixa o trabalho de lado.
E surge, então, no Sertão
O famoso Lampião
Mui respeitado e temido!
Odiado, mas querido
Por combater a opressão.
Mesmo não tendo a intenção,
Lampião subverteu
A ordem imposta. E se deu
Que quase todo o Sertão
Nordestino o "Capitão
Do Cangaço" dominou.
E novas vias traçou,
Movido pela descrença,
Com a sua forte presença
Por onde o mesmo passou.
E os caminhos traçados
Em busca da igualdade,
Pagando o mal com maldade,
Vez por outra eram cruzados
Por soldados que, pecados,
Tanto quanto os cangaceiros,
Tinham em seus bagageiros.
E quando havia confronto,
Era lutar sem desconto,
Nas serras, nos tabuleiros.
Condenou-se Lampião
Mas, hoje, após tantos anos,
Continuam os desenganos
Que faziam o coração
Do cangaceiro de então
Pulsar forte e loucamente.
E o nordestino sente
Que quase nada mudou.
O cangaço, sim, passou,
Mas o descaso é presente.
Se quase nada mudou,
Chegamos à conclusão
Que a terra que a Lampião,
Um certo dia, gerou,
Está lá, continuou,
No Sertão ou no Agreste,
Trajando a mesma veste
De torrão bravo e ativo.
LAMPIÃO AINDA É VIVO
NO CORAÇÃO DO NORDESTE
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