Espelho entre dedos
Sou escrevinhador de desejo ardentoso,
Prosador do cotidiano, embalando nosso mar,
Onde o verbo é um brinquedo amargoso,
A página escrita na aurora com gotas de luar.
Sou professor de tertúlias notívagas sem fim,
Pescador de imagens translúcidas e vulgares,
No balé de letras malditas que saem de mim,
Navegando em barcos perdidos pelos ares.
Sou poeta sem dialética, procurando o azul,
Violeiro dedilhando palavras no derradeiro mantra,
Do sertão – pingos de poeiras – longe ao sul
Sou vendedor de transatlânticos na Praia dos Artistas.
Vaqueiro arretado aboiando metáforas e tangendo letras.
Agricultor plantando amor como todo bom alarmista.
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