3 de fevereiro de 2010

Um soneto de Jarbas Martins, Natal RN

Frei Damião

a Inácio Magalhães de Sena

Chegado a este sertão, onde escondera-
se o pecado mortal por pensamento,
viu uma cruz sob o sol, que a derretera,
e o Diabo com sua cauda de espavento.

Espantalho de cera, pano e vento,
o olho azul a estourar-lhe a cara,
pregava em um deserto, onde acampara,
por graça do Demônio e seus inventos.

Quem não lembra o toscano, esse Aretino
de Deus, a desatar o nó do sexo,
e trazer a luxúria ao peregrino

com imprecações, e rezas, e bravatas,
e gozoso sugar, em meio ao séquito,
num peito magro o leite das beatas ?

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