O Rio Piranhas-Assu nasce da junção das águas dos rios do Peixes e Piancó na Paraíba e desemboca no mar, em Macau, a última cidade banhada pelo rio. “A morte vem do berço”, revela o ambientalista Cláudio Gia, ressaltando que a poluição do Rio Piranhas-Assu vem desde sua nascente, desaguando em Macau, no encontro com o mar.
Segundo Cláudio Gia, as principais causas da poluição são: a falta de um saneamento adequado nas cidades ribeirinhas (cujo esgoto acaba chegando ao rio) e a atuação de empresas agrícolas que, criminosamente, lançam produtos químicos nas águas. O rio ainda está num avançado processo de assoreamento, também em virtude de práticas agrícolas irresponsáveis e da retirada de areia para a construção civil.
Conforme Luzinete Gomes da Silva, marisqueira há mais de 20 anos e moradora da comunidade do Valadão, antigamente o leito do rio Piranhas-Assu tinha muito búzio e sururu. A marisqueira atribui a poluição do rio aos viveiros de camarão que despejam águas com produtos químicos no rio e mata os crustáceos. “Perto do mar, a catinga de produtos químicos é muito forte, não presta para pegar os mariscos”, declarou.
Dona Luzinete também responsabiliza a empresa Salinor pelo desaparecimento de mariscos e crustáceos em torno da cidade de Macau. Conforme a marisqueira, a água de grau despejada no rio pela Salinor mata peixes e mariscos. “Outro dia, em Alagamar, o rio estava cheio de peixe morto, parecia até que tinha uma doença que matou tudo. Uma coisa triste”, lamentou a marisqueira.
Quem trafega pelo anel viário de Macau, próximo ao Valadão e a saída para a praia de Camapum, pode observar um grupo de mariqueiras que passam o dia inteiro, debaixo de uma lona azul quente, com suas famílias, cozinhando e descascando sururu. “A gente fique aqui porque é o jeito”, reclamou Maria José, que pesca marisco há mais de 20 anos.
A barraca improvisada foi a alternativa encontradas pelas marisqueiras que moram no bairro Valadão para poder cozinhar e descascar os mariscos protegidas do sol. As catadoras de mariscos também reclama que o prefeito Flávio Veras e os vereadores assumiram um compromisso de pagar um salário durante 5 meses nos meses de defeso. “Até hoje, ninguém recebeu um tostão”, reclama Maria José.
Outra marisqueira, Francisca Gomes da Silva, afirma que o prefeito mandou derrubar as barracas improvisadas com a promessa de construir um galpão somente para as marisqueiras do Valadão, nos moldes do galpão existente no Porto da Pescaria. “Aqui, nos somos esquecidas. Esses políticos só lembram que a gente existe durante a campanha que eles vêm pedir voto”, declarou dona Francisca.
Conforme dona Maria José, os mariscos (búzios e sururu) apanhados, cozinhados e descascados são vendidos a R$ 4,00 o quilo para a população, que passam pelas barracas de lonas azuis no Valadão. A marisqueira afirma quer toda sua família se envolve no trabalho com os mariscos. “Catar os mariscos é a única maneira que a gente tem para sobreviver”.
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