4 de agosto de 2010

Degradação na pesca do caranguejo no Rio Ponta do Tubarão

Pescadores estão fazendo armadilhas ilegais no estuário do Rio Ponta do Tubarão, reserva de proteção ecológica em Diogo Lopes, distrito de Macau.
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Pescadores e catadores de caranguejo estão prestes a cometer um grande crime ecológico no estuário do Rio Ponta de Tubarão, em Diogo Lopes, distrito de Macau e distante 230 km de Natal. É grande o número de “redinhas” feitas de polietileno (a base de sacos plásticos) deixadas no meio do rio como armadilha para pegar caranguejos, comprometendo os mangues com material poluente, além de colocar a fauna em risco.

Acontece que essas redinhas também prendem e matam outras espécies de peixes e crustáceos da rica fauna de Reserva de Desenvolvimento Sustentável Ponta do Tubarão como tartarugas, cavalos marinhos, siris, aratus e caranguejos uça. “Quem deveria fiscalizar e proibir essa pesca ilegal era o Ibama. Mas, o órgão não faz nada”. Reclama José Maria, pescador indignado, morador de Diogo Lopes.

Conforme o pescador, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) não está cumprindo seu papel na RDF que é de garantir o sucesso da reprodução de várias espécies marinhas e evitar que a fonte de renda de pescadores não se acabe por causa da pesca predatória, por parte daqueles que não cumprem a lei e ameaçam os recursos naturais.

Para João Maria, o Ibama deveria combater essa prática que está destruindo a pesca do caranguejo uçá no Rio Ponta do Tubarão, fiscalizando periodicamente as encostas de mangues ao longo do rio. “Antigamente, o pescador ia meter os pés na lama para catar os caranguejos. Agora, os bichos se encalham nas redinhas e os pescadores recolhem com barcos”, relatou.

O pescador alerta que nessa época já terminou o período do defeso, vem equipes de outros estados para pescar lagostas e catar o caranguejo uçá e levar para fora. A pesca irregular também acontece entre os próprios pescadores de Diogo Lopes e Barreiras que não respeitam o tamanho mínimo (13 cm) da lagosta que devem pescar.

Período do Defeso

O período de reprodução das lagostas começou em 1° de dezembro do ano passado e foi até 31 de maio deste ano. Já o caranguejo uçá tem um período de defeso mais complexo, já que sua reprodução depende das marés e das condições saudáveis dos mangues onde habitam.

Segundo dados do Ibama, a população dessa espécie já caiu pela metade nos últimos 15 anos e a única maneira de protegê-la da extinção é respeitar o período do defeso. O Ibama também realiza ações educativas nas vilas de pescadores a fim de combater a atuação dos atravessadores, que lucram com a super-exploração dos recursos da RDS.

Um comentário:

Anônimo disse...

O maior predador da Ponta do Tubarão, que compreende as Localidades de Soledade, Barreiras, Diogo Lopes e Sertãozinho, são seus pescadores. O Ibama, há muito deixou de fiscalizar, aliás, isso ele nunca o fez. O Ibama fica encastelado em Natal, enquanto nossas belezas, a fauna e a flora são depredados impiedosamente.