22 de fevereiro de 2006

DOIS poemas de Licurgo Carvalho

Mar Potiguar

Mar potiguar,
onde marolas recheadas de poesias
saúdam um dia de sol,
espraiando espumas multicor,
banhando a alma e lambendo a areia.

Mar mamediano,
por onde o poeta navega sôfrego
numa jangada metafórica,
ao sabor do vento costeiro,
fazendo versos na bruma,
recriando canções de amar.

Mar de imigração,
de cantigas de marujos,
onde o braço de um rio ligeiro
busca as águas salobras
para o deleite do encontro enamorado.

Mar singrando entre sombras de coqueirais
e a teimosia das dunas
que insiste em mudar seu curso.
O rio sempre desembocará no mar
como se buscasse sua derradeira morada.

Dunas móveis são filhas do litoral,
trazendo o zumbido constante do vento
que mais parecem um deserto encantado.
A mistura de características comuns
e a vida eclodindo na beira do mar.

Sertão e litoral espalham
belezas rústicas acentuadas.
As falésias gigantes são escaladas
por cactos, xique-xiques e juremas.
É como se o sertão chegasse ao mar.

Flores praieiras, mata costeira
resquícios de uma floresta atlântica
são cenários constantes
nas brincadeiras lúdicas
dos meninos de praia.

Beira de rio ou canto de mangue
são lugares mágicos
para um galego traquino
pegar siri e caranguejo na maré baixa.
Mergulhos alegres de menino.

______________
Licurgo Carvalho
Currais Novos
Outubro de 2004


Versos circunstanciais para Geraldim

No dia onze de abril
Jesus Cristo disse a mim
Que ia tirar eu do inferno
Do canto que tinha espim
Pra eu fazer minha roça
Nas terras de Geraldim

Eu disse nosso senhor
Não quero mais trabalhar
Na nossa terra não chove
E o que se planta não dá
E o mundo está um tormento
O senhor pode acreditar

Ele disse assim:
“Licurgo você cuide em trabalhar
Porque daqui para o dia quinze
A terra vai abrejar
E ainda pode haver fartura
No Riacho do Ingá”

Com o senhor está dizendo
Eu ainda vou continuar
Vou plantar no seco
E esperar a chuva chegar
E vou preparar um verso
Pra acabar de interar

Quando foi no mês de agosto
Eu estava plantando com alegria
Com muito feijão e batata
Também um pouco de melancia
E fiquei acreditando
No que Jesus me dizia

______________
Licurgo Carvalho
Currais Novos RN
Novembro de 2004

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostaria de transcrever um dos versos no meu flog. Qual o e-mail de Licurgo Carvalho?

Unknown disse...

Ligia,
Infelizmente, o peta Licurgo Carvalho mora ém um sítio, no sertão seridoense de Currais Novos e não tem e-amil. Mas, posso adiantar que o bardo não se aborrecerá se você usar seus poemas, desde que cite a fonte.