17 de abril de 2006

Coisas do Beco da Lama

O remédio de Helmut
“Deve ser o querosene que estou tomando que está me ofendendo”, reclamava o filósofo becodalamense, Helmut Cândido, no Bar de Nazareth, de uma diarréia que o deixou com o fundo das calças todo borrado, além de espalhar uma catinga que não tinha quem agüentasse. Detalhe: toda vez que Helmut se fere em algum lugar do corpo, ele passa querosene “para melhorar”. Ultimamente, ele estava sentindo uns enjôos e resolveu beber o remédio.

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De poeta
“Astral está puto da vida porque Afonso Romano de Santana disse que Natal só tinha 15 poetas e não citou seu nome”, disse o produtor cultural Dorian Lima sobre a palestra que o poeta mineiro fez na Capitania das Artes, durante as comemorações do Dia Nacional da Poesia, mas não agradou ao poeta potiguar que resmungava pelo Beco da Lama por seu nome não ter sido lembrado.

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O Bar de Nazaré

Becodalamenses no Bar de Nazaré. Em pé, o filósofo Helmut Cândido.

Já é meio velho. Situado junto ao Beco da Lama, na Cidade Alta, é freqüentado bastantemente por velhos e novos fregueses, servindo bebidas e almoço ao som de um pequeno toca-fitas a meia-altura.

São gente de todos os níveis, inclusive, alguns meio intelectuais, professores, muito barulhentos do seu lado de fora, em bancas em torno das quais circulam os fregueses – por sinal inofensivos, porém barulhentos a trocarem impressões descabidas de poucos significados.

Risadagens que ressaltam de vez em quanto, mas palavras que os passantes evitam e não se engajam, passam desconfiados.

O clima no bar é sempre o mesmo: poluente, sem preço e aspecto de tudo prejudicante. A proprietária, parece, é desquitada, mas gente boa.

Os que fazem o Bar não se dão conta de si mesmos, mas a teimosia se perdurará mais uns 5 anos. Alex, o repórter, faz exceção, brinca, se diverte e observa.

O autor do artigo, freqüentador novo, da mesma forma, observa, anda fazendo versos e vendendo-os a preços baratos, porém, versos que valem o décuplo do preço que cobra.

Inapelável sob qualquer aspecto, visto que não são edificantes as querelas das bancas a sair a esmo, sem sentido, causando mais prejuízo do que lucro.

O observador, autor deste artigo, ressente-se como uma impinge no corpo. Cossa-se. Não encontra remédio. Depois, aproveita para ouvir asneiras em tom de brincadeira. Perdoável! Porque se não perdoar, perdão!

As palavras seguem-se aos atos e vice versa.

Isso é o Bar de Nazaré.

José Helmut Cândido
(abril de 2006)

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