1 de maio de 2006

Carta aberta aos becodalamenses

Por Alexandro Gurgel
alexgurgel@interjato.com.br

A tarde caía mansamente no Beco da Lama quando o poeta Plínio Sanderson, presidente da Comissão Eleitoral, profetizou: “você e o professor Bira vão perde feio para o PC do B”. Naquela altura dos acontecimentos, o poeta previa o resultado porque viu uma caravana de comunistas aderir ao pleito, numa demonstração de mobilização política em favor de um “companheiro”. Poucos desses “eleitores”, de fato, freqüentam o Beco da Lama, mas detêm o direito legítimo ao voto por terem assinado o Livro Preto da Samba durante o Ferstival Gastronômico Pratodomundo.

Alguns assessores do vereador petista Fernando Lucena também deram apoio declarado para a chapa birista, contribuindo ativamente com confecção de panfletos e outras milongas de última hora. “Não sei por que o caro Alex está tão incrédulo, se há long time já tinha lhe dito que obteria 1/3 dos votos. O que pode explicar tão esmagadora maioria do prof. Bira? Óbvio e ululante: as forças obscuras, reacionárias e esdrúxulas que aderiram a sua canidatura”, escreveu o poeta Plínio Sanderson, em e-mail à lista de discussão do Beco.

Com 70% dos votos válidos, o professor Bira foi eleito o novo Diretor Executivo da Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências (Samba), com mandato para os próximos três anos, abraçando a responsabilidade para dar continuidade às ações culturais que caracterizaram a gestão do jornalista Eduardo Alexandre.

De acordo com o jornalista Leonardo Sodré, o professor Bira terá que iniciar sua administração mostrando força para bater forte na porta da Fundação José Augusto para cobrar o pagamento das pessoas que trabalharam durante o carnaval e que ainda não viram a cor do dinheiro. “Bira herda três anos de profícua administração. Também, alguns problemas. Um deles, um tanto ‘cabeludo’: o pagamento das mais de 100 pessoas que trabalharam no I Carnaval do Centro Histórico de Natal, incluindo-se aí, a sua vice-diretora executiva, Civone Medeiros”, escreveu o intrépido jornalistas nas páginas d’O Mossoroense.

Como candidato e becodalamense apaixonado, despendi todas as forças para que os confrades, aqueles que realmente fazem a alma do Beco da Lama, entendessem o bem-querer que eu pretendia dispor ativamente, contribuindo para uma cultura sólida no Centro Histórico natalense. Como prometi em campanha, vou colaborar, no que for possível, para a futura gestão do professor Bira, sem fazer oposição tacanha, mas com autoridade para cobrar que o Beco da Lama permaneça vivo e pulsante.

Aproveito para agradecer o apoio substancial, ressaltado pelos amigos e representado por vinte e tantos por cento dos votos, os quais se depuseram a vir ao Beco da Lama para participar do sufrágio, votando neste escrevinhador, o que muito me honra, cuja confiança será levada durante a vida por este coração becodalamense.

Meu reconhecimento e respeito às pessoas como Cid Augusto, Leonardo Sodré, Laélio Ferreira, Karl Leite, Júnior Amaral, Venâncio Pinheiro, Falves Silva, Edson Negão, Yasmine Lemos, Camilo Lemos, Abimael Silva, Jácio Torres, Marcelo Fernandes, Osório Almeida, Ramos do Balalaika e tantos outros verdadeiros bocodalamenses, que acreditaram nas boas intenções que a chapa Sempre Samba propôs aos confrades.

Dói n’alma quando um amigo querido não cumpre suas obrigações sociais com a própria entidade que um dia teve intenção de ajudar. A ausência de Hugo Macêdo, candidato à vice-presidente na chapa Sempre Samba, foi um prejuízo político incalculável, uma falta de consideração sentida por todos que compareceram ao pleito. Apesar de nunca ter contribuído diretamente para a campanha, o candidato à vice na chapa Sempre Samba parece que preferiu ficar escondido por trás de um grande lajedo, as margens do Gargalheiras, do que a participar da eleição.

Fiz minha parte, contribuindo para a histórica eleição da Samba num exercício democrático nunca antes visto pelas bandas do Beco da Lama. Espero que partidos políticos não exerçam influência na condução do novo mandato, limitando a participação dos mesmos ao fatídico dia da eleição.

Com a alma lavada pelo dever cumprido, saúdo o novo Diretor Executivo da Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências, desejando ao professor Bira toda a sorte do mundo e que sua gestão seja caracterizada por um Beco da Lama sempre vivo.

Natal RN, segunda-feira, 1º de maio de 2006.

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