Foto: Hugo Macedo
Por Leonardo Sodré
Já fazia muito tempo que ele não participava de uma festa de São João. Na verdade, havia participado de algumas festas quando era criança, na escola. Sua família era oriunda do interior, mas ele sempre morou no centro de Natal, local sem nenhuma inclinação para festas juninas. Por isso, ficou entusiasmado quando recebeu convite do diretor da revista Papangu, Túlio Ratto, que lhe telefonou:
-Alex, venha conhecer o Mossoró Cidade Junina, ver Chuva de Bala, dançar forró...
O jornalista Alex Gurgel não pensou duas vezes para responder:
-Vou na hora! Tô doido para pular uma fogueira.
O que será que ele quis dizer com pular fogueira? Vai ver é algum costume de Natal, porque por aqui não tem disso não...
No dia marcado, Alex desce do ônibus na Praça da Independência. Uma comitiva de jornalistas, poetas e escritores lhe esperava: Túlio Ratto, Cid Augusto, Adriana Papangu, Antônio Francisco, Justino Neto e Bruno Barreto (que reclamava do calor, da demora, da falta de notícias...). Trazia uma mala enorme e uma bolsa pendurada nas costas. Túlio Ratto arregalou os olhos para a bagagem. Ninguém precisava adivinhar o seu pensamento. Quantos dias ele vai passar por aqui? Estou lascado!
Abraço dado, mãos apertadas, sai a comitiva em busca de um bar para comemorar a chegada do cronista. Muitas cervejas, cachaça, tira-gostos e pela boquinha da noite a turma começa a se organizar para os eventos noturnos. Vamos fazer uma horinha no Delícia da Praça, depois a gente passa no Arte da Terra e desce para a Estação das Artes. Pronto, estava traçada a programação. Todo mundo ia para casa, tomar banho, descansar um pouco e sair novamente na farra. Na hora da saída, Alex reparou:
-Não esqueçam da fogueira. Quero ir num lugar onde tenha uma fogueira. Eu sou visita e tenho meus direitos!
Túlio, o anfitrião, saiu pensando: Onde danado eu vou arranjar uma fogueira no Cidade Junina para Alex?
Chamou Cid Augusto num canto e perguntou baixinho onde poderia encontrar uma fogueira. Cid, braços cruzados, olhava para o chão e balançava a cabeça, rindo. Depois disse:
-Só se for na periferia...
Túlio resolveu, então, procurar um fogueira para Alex antes de saírem para o segundo tempo da farra, junto com Bruno Barreto (que reclamava das muriçocas). Lá para as bandas do Alto de São Manoel, encontraram uma casa com uma enorme fogueira. Alex desceu e foi logo batendo fotos. De repente juntou uma ruma de meninos atraídos pelo carro. É aquele homem engraçado da revista, que tem nome de bicho!
-Segure aí minha máquina, Túlio, que eu vou pular a fogueira!
E pulou mesmo. Tão desengonçado que terminou caindo sentado no meio das brasas. Rapidamente se levantou e saiu correndo com as calças pegando fogo, enquanto Túlio pegava o extintor de incêndio do carro e apontava para a sua bunda. Bruno, aflito, gritou:
-Eu sabia que ia acontecer alguma coisa hoje!
Depois que conseguiram apagar o fogo, o estado das partes baixas de Alex era lastimável. Não restava mais nenhum pêlo pubiano. A tricotomia junina tinha sido perfeita e suas nádegas estavam vermelhas de fogo.
-Foi promessa? Perguntou Bruno.
-Não - respondeu Alex -, não sei por que, mas sempre quis pular uma fogueira... Sempre achei que fosse costume aqui do interior. Agora, o que eu vou dizer em casa quando chegar todo pelado e com a bunda queimada, eu não sei não...
-Vige Alex, aqui não tem disso não, encerrou Túlio.
-Alex, venha conhecer o Mossoró Cidade Junina, ver Chuva de Bala, dançar forró...
O jornalista Alex Gurgel não pensou duas vezes para responder:
-Vou na hora! Tô doido para pular uma fogueira.
O que será que ele quis dizer com pular fogueira? Vai ver é algum costume de Natal, porque por aqui não tem disso não...
No dia marcado, Alex desce do ônibus na Praça da Independência. Uma comitiva de jornalistas, poetas e escritores lhe esperava: Túlio Ratto, Cid Augusto, Adriana Papangu, Antônio Francisco, Justino Neto e Bruno Barreto (que reclamava do calor, da demora, da falta de notícias...). Trazia uma mala enorme e uma bolsa pendurada nas costas. Túlio Ratto arregalou os olhos para a bagagem. Ninguém precisava adivinhar o seu pensamento. Quantos dias ele vai passar por aqui? Estou lascado!
Abraço dado, mãos apertadas, sai a comitiva em busca de um bar para comemorar a chegada do cronista. Muitas cervejas, cachaça, tira-gostos e pela boquinha da noite a turma começa a se organizar para os eventos noturnos. Vamos fazer uma horinha no Delícia da Praça, depois a gente passa no Arte da Terra e desce para a Estação das Artes. Pronto, estava traçada a programação. Todo mundo ia para casa, tomar banho, descansar um pouco e sair novamente na farra. Na hora da saída, Alex reparou:
-Não esqueçam da fogueira. Quero ir num lugar onde tenha uma fogueira. Eu sou visita e tenho meus direitos!
Túlio, o anfitrião, saiu pensando: Onde danado eu vou arranjar uma fogueira no Cidade Junina para Alex?
Chamou Cid Augusto num canto e perguntou baixinho onde poderia encontrar uma fogueira. Cid, braços cruzados, olhava para o chão e balançava a cabeça, rindo. Depois disse:
-Só se for na periferia...
Túlio resolveu, então, procurar um fogueira para Alex antes de saírem para o segundo tempo da farra, junto com Bruno Barreto (que reclamava das muriçocas). Lá para as bandas do Alto de São Manoel, encontraram uma casa com uma enorme fogueira. Alex desceu e foi logo batendo fotos. De repente juntou uma ruma de meninos atraídos pelo carro. É aquele homem engraçado da revista, que tem nome de bicho!
-Segure aí minha máquina, Túlio, que eu vou pular a fogueira!
E pulou mesmo. Tão desengonçado que terminou caindo sentado no meio das brasas. Rapidamente se levantou e saiu correndo com as calças pegando fogo, enquanto Túlio pegava o extintor de incêndio do carro e apontava para a sua bunda. Bruno, aflito, gritou:
-Eu sabia que ia acontecer alguma coisa hoje!
Depois que conseguiram apagar o fogo, o estado das partes baixas de Alex era lastimável. Não restava mais nenhum pêlo pubiano. A tricotomia junina tinha sido perfeita e suas nádegas estavam vermelhas de fogo.
-Foi promessa? Perguntou Bruno.
-Não - respondeu Alex -, não sei por que, mas sempre quis pular uma fogueira... Sempre achei que fosse costume aqui do interior. Agora, o que eu vou dizer em casa quando chegar todo pelado e com a bunda queimada, eu não sei não...
-Vige Alex, aqui não tem disso não, encerrou Túlio.
Crônica publicada n'O Mossoroense, em 10 de junho de 2006
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