2 de julho de 2006

Acabou o que era doce


Tudo outra vez de novo

Por Gustavo Porpino

Não acreditava no hexa. Nunca vi uma celebração antecipada tão exagerada. Tudo estava programado como se Copa se ganhasse de véspera. O marketing do hexa ganhou as ruas com uma força avassaladora. Já éramos hexa em vitrines, camisetas, bandeiras e até manchetes de jornais! Os adversários, um a um, cairiam diante da "genialidade" de Ronaldinho Gaúcho e companhia como se não tivéssemos necessidade de jogar bola. Parece óbvio, mas o torcedor de Copa do Mundo, aquele que só acompanha futebol a cada quatro anos, não consegue enxergar isso. Jogador não tem que ter chuteiras personalizadas com bordados dourados, tiaras com marcas próprias, correntes, fitinhas... basta jogar bola como faz Zidane! A quem quer aparecer, há sempre uma oportunidade nas muitas paradas gays que cada vez mais enchem as ruas das capitais brasileiras! Não é preconceito, mas constatação de que a seleção brasileira tem marketing demais, estrelismo demais, endeusamento demais, e não sobra espaço para o ofício dos jogadores... jogar bola! Convenhamos, dentro de campo, não mostramos em nenhuma partida uma exibição digna do autêntico futebol brasileiro. Vencer o Japão, abatido e quase sem chances, por 4 x 1 não é nada demais. Contra Croácia, Austrália e Gana, adversários sem tradição nenhuma, jogamos mal, vencemos mais pelas deficiências deles do que por competências nossas. Mas a festa estava pronta a cada vitória enganadora. O Brasil cantava e dançava as "grandes vitórias" nas ruas, mas em campo bailou ao som da Marselhesa. Deveria ter perdido de mais. Zidane, o maestro, merecia ter feito uns dois. Não fez gol, mas deu chapéu, toque de letra, drible de corpo... jogou como um brasileiro! E o melhor, sem frescura, sem porra nenhuma da Nike! Durante o jogo, tive lembranças da minha primeira grande decepção futebolística... a derrota de 86 contra a mesma França. Mas ficou a certeza de que para ganhar a Copa basta jogar bola! E fodam-se as tiaras, as chuteiras porra-loucas, as cabeleiras, e a viadagem desse time sem raça!

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