
Tudo outra vez de novo
Por Gustavo Porpino
Não acreditava no hexa. Nunca vi uma celebração antecipada tão exagerada. Tudo estava programado como se Copa se ganhasse de véspera. O marketing do hexa ganhou as ruas com uma força avassaladora. Já éramos hexa em vitrines, camisetas, bandeiras e até manchetes de jornais! Os adversários, um a um, cairiam diante da "genialidade" de Ronaldinho Gaúcho e companhia como se não tivéssemos necessidade de jogar bola. Parece óbvio, mas o torcedor de Copa do Mundo, aquele que só acompanha futebol a cada quatro anos, não consegue enxergar isso. Jogador não tem que ter chuteiras personalizadas com bordados dourados, tiaras com marcas próprias, correntes, fitinhas... basta jogar bola como faz Zidane! A quem quer aparecer, há sempre uma oportunidade nas muitas paradas gays que cada vez mais enchem as ruas das capitais brasileiras! Não é preconceito, mas constatação de que a seleção brasileira tem marketing demais, estrelismo demais, endeusamento demais, e não sobra espaço para o ofício dos jogadores... jogar bola! Convenhamos, dentro de campo, não mostramos em nenhuma partida uma exibição digna do autêntico futebol brasileiro. Vencer o Japão, abatido e quase sem chances, por 4 x 1 não é nada demais. Contra Croácia, Austrália e Gana, adversários sem tradição nenhuma, jogamos mal, vencemos mais pelas deficiências deles do que por competências nossas. Mas a festa estava pronta a cada vitória enganadora. O Brasil cantava e dançava as "grandes vitórias" nas ruas, mas em campo bailou ao som da Marselhesa. Deveria ter perdido de mais. Zidane, o maestro, merecia ter feito uns dois. Não fez gol, mas deu chapéu, toque de letra, drible de corpo... jogou como um brasileiro! E o melhor, sem frescura, sem porra nenhuma da Nike! Durante o jogo, tive lembranças da minha primeira grande decepção futebolística... a derrota de 86 contra a mesma França. Mas ficou a certeza de que para ganhar a Copa basta jogar bola! E fodam-se as tiaras, as chuteiras porra-loucas, as cabeleiras, e a viadagem desse time sem raça!
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