30 de julho de 2006

Marcos Ferreira abre o verbo na revista Papangu

Foto: Carlos José
Alexandro Gurgel durante a entrevista com Marcos Ferreira.


Considerado por alguns da cena literária potiguar e pela imprensa de vanguarda como o “Machado de Assis mossoroense” (apenas Foice de Manuel, rebate ele próprio), o escritor Marcos Ferreira, trinta e seis anos, é um intelectual autodidata que vem se firmando pela seriedade e consciência artística com que desempenha o seu papel de homem de letras.

A próxima edição da revista Papangu, que circulará a partir de segunda-feira nas melhores bancas de Natal, traz uma entrevista bombástica, sacudindo a poeira do meio intelectual potiguar.

Veja algumas declarações de Marcos Ferreira:

Sobre a produção literária no Estado
“Alguns indivíduos que conhecemos, verdadeiros médiuns e psicógrafos de si mesmos, sentam-se diante do computador, fustigam o teclado durante uma hora (outros nem isso) e levantam da cadeira convictos de que produziram boa literatura”.

Sobre a poesia potiguar
“O sujeito produz um fraseado à-toa e vai quebrando as linhas em variados tamanhos até chegar ao formato de algo parecido com um poema. Então, há muito poeta e pouca poesia. Um tipo de fenômeno que só posso atribuir à nossa histórica e constrangedora inferioridade artística, ainda mais agravada no campo das letras”.

Sobre a Literatura Potiguar
“Em matéria de arte, principalmente literatura, sempre fomos um zero à esquerda. Os bem vizinhos Paraíba, Ceará e Pernambuco estão séculos à nossa frente. Excetuando-se Câmara Cascudo, que não firmou-se nem como poeta nem como ficcionista, qual o homem de letras deste Estado que alcançou o grau de representatividade e importância nas letras nacionais que têm os cearenses José de Alencar, Raquel de Queiroz e Patativa do Assaré, por exemplo? Do Pernambuco, o Brasil inteiro festeja autores como Antônio Maria, Joaquim Cardozo, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto, etc. Entre os paraibanos, quem de nós, ignorantes e ignorados potiguares, terá atingido o êxito e repercussão de um José Lins do Rego, de um Ariano Suassuna ou Augusto dos Anjos?”

“O que existe por aqui é muita empulhação, um bando de preguiçosos que se preocupa muito antes em ter vida literária do que literatura. Há muita gente nas livrarias, palestrando nos cafés e saraus, mas produzir que é bom ninguém produz.

“Creio que de cada cem poemas que se escreve atualmente no Rio Grande do Norte, cerca de noventa e cinco não valem nada, apenas lixo e descaramento dos seus respectivos autores.”

Sobre aqueles palestrantes cascudianos
“Pela grande reputação e destaque que conseguiu reunir em torno de si, graças à força e seriedade de sua extraordinária obra de folclorista e pesquisador, querem torná-lo uma espécie de trampolim intelectual com que projetem seus próprios nomes. Grudam-se à memória, ao prestígio e celebridade do grande potiguar feito o musgo que se fixa às úmidas paredes de um jazigo”.

Sobre o jornalismo potiguar
“Dois piratas da Gazeta de Negócios, mais um outro do Correio do Alarde, andaram rosnando inverdades e meias palavras contra mim nos seus espaços de meretrício jornalístico”.

“Não se pode negar que a linha de atuação de noventa por cento dos jornalistas não difere muito do método de trabalho das mulheres de vida fácil. E, pelo descaramento e promiscuidade com que os homens de jornal negociam as suas opiniões e palavras, vejo agora que esta comparação que fiz acarreta qualquer prejuízo moral às profissionais do sexo”.

Sobre a Academia Norte-riograndense de Letras
“Até onde sei, o que temos no Estado, nos dias atuais, é uma academia norte-rio-grandense de lesmas, cuja única atividade se concentra na política funerária em volta do seu morto rotativo”.


Onde encontrar a revista Papangu em Natal:

Banca Tio Patinhas (Cidade Alta)
Livraria Siciliano (Midway Mall)
AS Livros (próximo ao Natal Shopping)
Banca Nordestão (em frente a faculdade de Odontologia)
Banca Nordestão (av. Roberto Freire)
Banca do Tota (próximo ao CCAB Norte)

Um comentário:

Anônimo disse...

eita bíula!!!
isso tururururururudo?
então vamos aguardar a papangu.
a partir de amanhã nas bancas.