7 de julho de 2006

Mossoró tem festa. Natal, não. Por quê?

Foto: Alexandro Gurgel
Espetáculo Chuva de Bala no País de Mossoró faz parte do evento Mossoró Cidade Junina que acontece durante o mês de junho.

Por Cefas Carvalho

Mossoró, segunda cidade do Rio Grande do Norte, realiza o Mossoró Cidade Junina, mega festa que reúne milhares de pessoas todas as noites no centro da cidade e gera renda e empregos para a população e o município. Natal, capital e maior cidade do Estado, se limita a uma acanhada festa junina na Rua Chile, e a alguns “arraías” promovidos por políticos e comunidades. Por que isso acontece?
Para promotores culturais natalenses. a primeira explicação é cultural. O mossoroense é mais arraigado às suas tradições culturais e históricas do que o natalense. Isto faria com que o poder público mossoroense - seja qual for o governante - sempre invista em eventos de resgate histórico. Em Natal, este processo é mais lento e não conta com tanta empatia da comunidade.
Para o historiador Gutenberg Costa, “o natalense não valoriza a sua história, portanto, é sempre difícil fazer eventos que resgatem a história da cidade”, lamenta.
O produtor cultural e artista plástico Eduardo Alexandre, o “Dunga”, acredita que Natal aos poucos vai ganhando força cultural, embora reconheça que boa parte dos eventos não são realizados pelo poder público, como em Mossoró, mas sim por grupos. “Mas na verdade tanto o Governo do Estado como a Prefeitura de Natal apoiam festas e eventos culturais”, reconhece Dunga.
Para os produtores o problema está justamente aí, embora ninguém queira reclamar pu-blicamente: em Mossoró, a Prefeitura assume a realização de festas de grande porte, e colhe bons resultados de divulgação e mídia. Eventos como o “Auto da Liberdade” (sobre a Libertação dos escravos pioneiramente em Mossoró) e o “Chuva de bala no país de Mossoró” (sobre a expulsão de Lampião da cidade) se tornaram mega-eventos teatrais com divulgação nacional. E bancados pela Prefeitura (ainda da gestação Rosalba Ciarlini e continuados na administração Fafá Rosado).Curiosamente os eventos realizados em Natal (“Auto de Natal”, por exemplo) não conseguem ter a grandiosidade, a relevância e a interação com a comunidade que os eventos da Terra de Santa Luzia têm.
Faltaria o natalense se interessar mais pelos eventos culturais da cidade? Ou faltaria a Prefeitura de Natal, através da Fundação Capitania das Artes.

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