11 de agosto de 2006

De Lucinha a Mohana passando pelo pôr-do-sol do Potengi

Foto: Divulgação
Tarô Sagrado dos Deuses Hindus vai ser relançado na Capitania

Por Flávio Rezende

Quando o mês de fevereiro apontou no calendário nos idos dos anos 60, bem numa época de profundas conturbações políticas, com prisões, revoluções, atos institucionais e muitas lágrimas derramadas, aos vinte e um dias de 64, nascia em sua própria casa, num vilarejo na pacata Fernando Pedroza, a então sertaneja Maria Lúcia Baracho. Inquieta ao nascer, com doze anos Natal se fez presente e, a família ligada a estrada de ferro, transferiu-se para a capital, instalando móveis e utensílios domésticos na Guarita.

Aos 16 anos, já incorporada de espírito camaleônico, ninguém mais a conhecia pelo nome original. Morando só, observando em inquietas visões o por do sol no rio Potengi, na hoje famosa rua da Misericórdia, atendia pela graça de Lucinha Moreno.

E sua vida de mudanças e transformações continuou levando-a para o universo cultural, com passaporte para uma participação no teatro, mais precisamente na peça "Navio Negreiro", num trabalho feito para o finado expoente do teatro potiguar Jesiel Figueiredo. Suas lembranças remetem a partir daí, a uma sucessão de entradas e bandeiras pelo mundo das artes, como um programa infantil com Enock Domingos, exibido na Tv-U, de caráter educativo. No programa fez o papel de uma cantora chamada Sapinha Geré, dando início assim a sua vivência no universo da música. Depois Lucinha encarnou o papel de uma cangaceira numa produção de Racine Santos.

Trabalhando na tv, decidiu se inscrever no Sesc, que estava promovendo um concurso musical e, para seu deleite, chegou as finais. Foi o sol de sua vida, um novo sentido para viver e, feliz, foi por esta vertente.

E seguiu "doida por música", encontrando em Jorge Macedo, um grande parceiro e incentivador, a ponto de casar com o mesmo. A vida lhe apresentou uma bela seqüência, um vestibular, trabalho como professora em três escolas públicas do Estado, participou de projetos culturais com a Alcatéia Maldita e, começou a fazer shows, cantando músicas próprias e interpretando Cátia de França. Projetos culturais diversos passaram a fazer parte de seu cotidiano, como também um entra e sai de maridos, todos músicos e gurus, num total de quatro, hoje todos ex.

Os shows continuaram e surgiu a necessidade de escrever, inspirada pelo guru indiano Rajneesh. O casamento com a literatura gerou o nascimento de dois filhos em parceria com alunos da rede pública e apoio total do então secretário Hélio Vasconcelos.

A leitura de Rajneesh, que depois mudou o nome para Osho, também pescou Lucinha e começou a enfeitiçá-la ao ponto dela publicar seu primeiro livro "Peregrinação Simbólica", onde ela aparece nua na capa, com asas de borboleta e poesias como "Feriado Místico", "Nego Blues" e "Deidades", pura revolução pois a professora de artes, pisciana e hermética jovem, simplesmente pousava nua na posição da suástica, que para os não iniciados podia ser hitlerista, mas na verdade era mística, eso e exotérica, pois Lucinha já compreendia, mesmo adolescente, os caminhos plurais de Deus.


E o tempo voou e a borboleta mudou...

E o tempo voou, no hoje do século XXI, Morena está seis anos celibatária e publicou outro livro: "Enigma Feiticeiro", além do famoso "Tarô Sagrado dos Deuses Hindus", publicado pela editora Pensamento e vendido em todo o Brasil. O envolvimento espiritual de Lucinha a levou aos braços azuis do alegre Krishna, encarnação divina que movimentou seu corpo no território indiano há 5 mil anos atrás e, que até hoje, tem devotos em todo o planeta, que entoam alegremente o cântico mântrico Hare-Krishna. Desse acasalamento espiritual nasceu uma nova Lucinha, agora chamada de Sri Madana Mohana. E sua música seguiu esse caminho, entrando para o mundo mágico dos mantras, surgindo daí o vinil e o CD "Índia o Poder do Som", indicado pela famosa Astrid Fontenele, à época ícone da MTV, como uma boa audição.

Madana agora mistura seus mantras indianos com o candomblé baiano, optando pela fusão dos ritmos espirituais, num terreiro que conhece, pois de Krishna, entidades, deidades, Sai Baba, Jesus, acarajé e tapioca, ela entende bem.

Empresária com loja instalada em Natal (Casa da Índia), residindo no eixo São Paulo-Natal, desembarca em sua terra potiguar, para temporada, onde aproveita para lançar por aqui, no próximo dia 24, a partir das 19h30, na Capitania das Artes, o livro "Tarô Sagrado dos Deuses Hindus", com algumas performances e a presença dos amantes da magia e da energia dos deuses de todos os cantos e recantos, além de uma apresentação do jornalista Flávio Rezende.

O por do sol no rio Potengi é testemunha das revoluções que Baracho, Lucinha, Madana e Mohana está fazendo pelo mundo e, antes que acabe e ela não declare nada, registro que Madana tem uma parceria com Rogério Duarte, percorrendo várias cidades divulgando o livro dele "Canções do Divino Mestre" numa peregrinação que rendeu bons frutos para a mística cantora, que declara, "andando com Rogério eu conheci a turma do Filhos de Gandhi e estamos juntos fazendo trabalhos que misturam os ritmos irmãos. Pretendemos levar essa apresentação coletiva para programas de peso como Ana Maria Braga e outros". Dessa união vai nascer o projeto: "Sri Madana Mohana e Filhos de Gandhi apresentam em nome da paz o CD Mantra Afoxé Filhos de Gandhi".

E ela não para, pretende fazer um projeto cultural em frente a sua casa na rua da Misericórdia e mil outras coisas. Por enquanto fiquemos com o lançamento do seu famoso livro por aqui. Ia esquecendo, no dia 25, ela vai reinaugurar a Casa da Índia com uma concentração em frente ao busto do Padre João Maria e caminhada em direção ao local do empreendimento, na rua da Misericórdia, número 705, que também vai funcionar como Espaço Cultural. Essa caminhada Mohana diz que é em nome da ecologia, da vida e da criação de uma área em frente ao seu espaço, voltada para o lazer e o prazer de ser feliz e harmonizado com a natureza.
É pouco? Gravite em torno de Sri que ela tem muito mais.

Curiosidades sobre Sri Madana Mohana:

- Ela é a primeira escritora feminina brasileira a ser publicada pela editora Pensamento, na linha hinduísta;
- É a primeira mulher cantora a ser aceita com o Filhos de Gandhi;
- É lacto-vegetariana com seis anos de celibato;
- Foi iniciada pelo guru vaisnava Dhanvantari Swami;
- Fez turnês pela Fnac Brasília e Sescs, percorrendo vários estados.

Serviço:
- Lançamento em Natal do livro "Tarô Sagrado dos Deuses Hindus".
- Dia 24 – quinta-feira
- 19h30
- Capitania das Artes
- Apresentação do jornalista Flávio Rezende, performance de Harrison Gurgel, aplicação de johrei por membros da Igreja Messiânica.
- Quem comprar o livro vai ter direito a uma mensagem do tarô por Madana Mohana.
- Apresentação de Madana Mohana acompanha pelo pai de santo Omar de Oxalá e do baterista Helder Lima.

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