13 de setembro de 2006

Cores em Ciranda

Exposição de Eduardo Alexandre

Eduardo Alexandre é o criador da Galeria do Povo, movimento artístico desenvolvido entre 1977 e 1986 em muros da Praia dos Artistas, Natal, Eduardo Alexandre já realizou mais de 500 exposições de rua e apenas uma individual, em 2004, no Palácio da Cultura: Portais de trevas e luzes. Ganhou este ano o Prêmio Poti, de cultura do Diário de Natal, como produtor cultural do ano. Foi diretor cultural e executivo da SAMBA - Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências.

Ciranda viva como a cor

Por Marcílio Farias

A arte de Eduardo Alexandre é corajosa ao redescobrir a exuberância do ato de “pintar” no acariciamento farto da tela, como se mostrasse ao mundo e ao homem desse mundo que a cor é viva, que a cor vive, que nós somos como ela, vivos, jamais cadáveres ambulantes, cegos conduzindo cegos numa via escura e úmida esperando pelo milagre de um guia protetor.
É ousada por ser antes de tudo pessoal, inimitável e intransferível. Tem sua marca visível em cada milímetro de tinta espalhada como mágica sobre a tela, como uma mandala tibetana, como um quilt navajo, como o som do shofar ao fim do dia.
Poucos foram capazes de serem fieis a si mesmos da forma fervorosa, meditativa, com que Eduardo engendra sua processualidade criativa. Ele ultrapassou o prisma teorético de indagação ou questionamento sobre “processos”. Para ele, o que existe é o ato criativo, puro e claro, transfigurado pela sua inimitável compreensão do que é a cor NO mundo, do que é a cor PARA o mundo, do que seria estar COM a cor e o mundo.
Por último, a resolução do dilema bi-milenar da arte e do objeto estético. Eduardo resolve essa querela de forma absoluta: ele demonstra, mostra e anuncia o fato artístico como a única realidade existente. Qualquer indagação ou abordagem teórica sobre o seu trabalho é irrelevante porque, para Eduardo, pintura (como poesia, como produção/promoção cultural), arte de uma maneira geral, é um oficio, uma destinação, um compromisso inerente à sua condição de ser humano, perceptivo, sensível, e único.
Ver os seus quadros é obrigação de qualquer um que participe e seja atento (por um mínimo que seja) a essa perturbadora ciranda intersubjetiva à qual damos o nome de vida.
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O que eles disseram sobre a pintura de Eduardo Alexandre:

Vicente Vitoriano, crítico de Artes Plásticas do Diário de Natal e professor de Artes da Universidade Federal do RN: "Portais de Trevas e Luzes, a exposição de Eduardo Alexandre, na Pinacoteca do Estado, é uma overdose, pois se compõe de uma quase infindável série de pinturas, todas se dirigindo ao padrão "all over" de aplicação gestual das tintas. (...). É preciso atentar para a sutileza cromática por sob o manancial de tinta preta e de gestos apreensível nas telas. Aliás, ... está no uso literalmente incrível de tinta preta a grande sacada deste artista tão prolífico. Alexandre consegue manter uma limpeza genérica e uma integridade de cada cor em particular que faz alçar a sua prática pictórica a uma maestria. Daí ser necessário fixar-se na observação de cada obra, no esforço de abstrair-se das demais".

Amélia Freire, diretora do Centro de Promoções Culturais, da FJA: "A pintura de Eduardo Alexandre é impactante, instigante: ela nos obriga a penetrar em si mesma".
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SERVIÇO
Abertura: 13 de setembro
Local: No Bardallos - Comida e Arte
Rua Gonçalves Ledo, 671Cidade Alta - 9409-4440
Visitação:
Terça a sexta-feira, das 16:00h à 00:00 h
Sábados, das 11:00h à 00:00 h
Domingos, das 11:00h às 16:00 h
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Contatos Eduardo Alexandre
9414 - 93943
3222-0821

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