13 de dezembro de 2006

Um Instituto alternativo para fomentação cultural

Romildo Soares, Paulo Lima e Luiz Peres são os idealizadores do ICAP.

Por Alexandro Gurgel
Foto: AG Sued

Músicos, poetas, escritores, fotógrafos, cineastas, artistas, pintores, atores e demais categorias artísticas, que não encontram espaços para a realização dos seus projetos culturais, agora pode dispor do suporte do Instituto Cultural e Audiovisual Potiguar (Icap), destinado à viabilização das produções culturais alternativas.
O Instituto Cultural e Audiovisual Potiguar é uma entidade sem fins lucrativos, nascendo da união de alguns artistas abnegados que fazem um trabalho em prol da arte potiguar em palcos underground, sem nenhum apoio das entidades oficiais de cultura. O Icap foi criado legalmente com a finalidade de produzir e divulgar a cultura potiguar, através de projetos sociais e da celebração de convênios com entidades públicas e organizações não-governamentais.
Os videomakers Paulo Lima e Luiz Peres, o músico Romildo soares, a poeta Civone Medeiros, entre outros artistas, juntaram as idéias para dar vida ao Icap. De acordo com Paulo Lima, o Instituto Cultural e Audiovisual Potiguar foi criado para valorizar os artistas locais, estabelecendo condição para que as Leis de Incentivo à Cultura possam prestigiar o talento e a arte potiguar.
Vendo que somente poucos projetos são agraciados com a aprovação nas Leis Cascudo, do Estado e a Lei Djalma Maranhão, do município, Paulo Lima afirma: “Alguns produtores culturais se beneficiam com a Lei de Cultura para seus projetos carnavalescos e contratam bandas baianas, pagando cachês altíssimos. Nossos artistas ficam sempre de fora ou, no máximo, em segundo plano”.


Projetos desenvolvidos pelo ICAP

Conforme Romildo Soares, um dos primeiros trabalhos do Instituto Cultural e Audiovisual Potiguar será o projeto “Ecos no Bairro”, destinado a interagir com a comunidade e, ao mesmo tempo, descobrindo as manifestações culturais que estão sendo feitas nos bairros, buscando novos talentos e fazendo um intercâmbio com os artistas mais conhecidos. “Vamos começar pelo bairro de Cidade Satélite, em janeiro. Estamos na fase de produção, procurando parcerias para fechar o projeto”, ressaltou Romildo Soares.
Segundo Luiz Peres, o projeto “Ecos no Bairro” vai acontecer durante um único dia, em cada comunidade, com feira de artesanato, exposição de artes plásticas, oficinas de literatura, exibição de curtas e muita música. Um palco será armado para a apresentação de cinco bandas de rock, sendo três bandas do bairro e duas convidadas. “A princípio, o projeto vai se sustentar através do voluntariado. Precisamos exibir nosso talento, mostrando que somos capazes de fazer arte da melhor qualidade”, frisou Luiz.
Os idealizadores do Instituto Cultural e Audiovisual Potiguar têm outro projeto chamado “MP 30”, destinado para incrementar a musicalidade local, selecionando em um CD 30 músicas, em formato mp3, produzidas no Rio Grande do Norte, para distribuir em rádios, bares, boates e em qualquer lugar que possa ser massificado. “Essa distribuição será gratuita. Os CDs não são para vender”, salientou Romildo Soares.
“Música para ouvir antes que o mundo acabe” é outro projeto, capitaneado pelo Instituto Cultural e Audiovisual Potiguar, que pretende mostra uma musicalidade nova para a cidade, fazendo uma leitura musical pós-moderna. “A idéia é sair desses ritmos regionais e folclóricos, tão propagados em todo canto, criando algo diferente com música eletrônica”, disse Romildo.
Visando contribuir com a produção cinematográfica potiguar, o Instituto Cultural e Audiovisual Potiguar tem um projeto para implementar “oficinas de vídeo” no interior do Estado, expandindo os conhecimentos sobre cinema para a produção de curtas metragens de ficção e documentários. “Vamos procurar as prefeituras e a iniciativa privada para fazer parcerias, a fim de formar cineastas no interior. Não podemos ficar esperando para contar com as Leis de Incentivo à Cultura, que só beneficia uma panelinha. Queremos arregaçar as mangas e procurar as pessoas certas que queiram ajudar a produzir cultura para o Estado”, afirmou Luiz Peres.


Produzindo cinema em solo potiguar

Romildo Soares é natural de Alexandria, região Oeste do Estado e trabalha com música há mais 25 anos, tendo suas músicas gravadas por intérpretes como Simone, Cida Lobo, Valéria Oliveira, Khrystal, Pedro Mendes, Geraldo Carvalho, Glorinha Oliveira, Lupe Albano entre outros. Participou de shows com Eduardo Dusek, Ednardo, Belchior, Renato Bras, Raimundo Fagner e Maria Alcina.
Recentemente, o natalense Paulo Lima e o pernambucano Luiz Peres produziram e dirigiram o documentário “Faces da Rua”, agraciado com o prêmio de Melhor Documentário, durante a 3ª Mostra de Vídeo Potiguar, dentro da XIII edição do FestNatal, em 2003. A mesma fita foi agraciada com o prêmio de Melhor Vídeo no festival Mada, no ano de 2004.
Meses atrás, o trio produziu um curta-metragem chamado “Deus e o Diabo na Cidade do Sol”, uma alusão ao cinema de Glauber Rocha, mas também atrelado a elementos natalenses. Atualmente, Paulo Lima, Romildo Soares e Luiz Peres dedicam-se ao documentário intitulado “A Maldição de Cascudo,” ainda em fase de produção.
De acordo com os produtores, o documentário “A Maldição de Cascudo” tem como tema central a discussão em torno da música potiguar que não faz sucesso no cenário nacional. “Em todos os Estados vizinhos encontramos superstars de renome nacional. Nuca aconteceu de uma música cantada por um norte-riograndense figurasse entre as 10 mais, em qualquer parada musical brasileira”, desabafa Romildo.
Com vários projetos em andamento, o Instituto Cultural e Audiovisual Potiguar está de portas abertas para acolher aqueles que se identificam com os ideais propostos pela entidade. Juntando a bagagem cultural dos seus organizadores com novos adeptos, o Icap pode se tornar uma referência no desenvolvimento da cultura potiguar.

Nenhum comentário: