8 de dezembro de 2006

Um poeta ultrajado na Terra de Santa Luzia

Por Alexandro Gurgel
"Foi essa a recompensa que o Palácio da Resistência me deu por levar o nome de Mossoró (cidade que se pretende capital cultural deste país) além-fronteiras potiguares. É esse o tipo de apoio que o poder público desta 'terra da liberdade' dispensa a quem insiste em lutar com palavras", desabafou o poeta mossoroense Marcos Ferreira, depois de saber sobre sua sumária demissão dos quadros da Prefeitura Municipal de Mossoró.
Depois de auferir vários prêmios literários no Estado, recentemente, Marcos Ferreira conquistou o prêmio de poesia Violeta Branca Menescal, que faz parte dos "Prêmios Literários Cidade de Manaus", concorrendo com o livro inédito "A Hora Azul do Silêncio". Em outra ocasião, competindo com milhares de poetas de todo o Brasil, os versos do vate mossoroense foram classificados para participar da antologia que reunirá os melhores poemas do "IX Prêmio Escriba de Poesia", promovido pela prefeitura de Piracicaba, São Paulo, concurso nacional em que Marcos já fora igualmente distinguido nas edições de 1998 e 2004.
Numa tarde seca de novembro, sem maiores justificativas por parte do gabinete do secretário municipal Gustavo Rosado, o premiado escritor mossoroense recebeu a notícia de sua exoneração do cargo que ocupava na Biblioteca Municipal Ney Pontes Duarte. "Deixo agora a prefeitura com uma mão na frente e outra atrás, levando apenas comigo a leve impressão de que já vou tarde, como naquela música do Chico Buarque", declarou o poeta.
Com um texto muito apurado, tratando cada palavra com o devido zelo, o escritor e poeta Marcos Ferreira tem um estilo literário próprio dos grandes escribas. Seus premiados textos confirmam a qualidade com que esse "trocador de tintas", como prefere ser lembrado, emprega o vernáculo. O jovem Marcos Ferreira mantém a tradição de grandes escritores da Terra de Santa Luzia, a exemplo de um Dorian Jorge Freire, um Vingt-un Rosado, um Jaime Hipólito, um Raimundo Soares de Brito, um Tarcísio Gurgel, entre outros.
A comunidade literária e intelectual do Rio Grande do Norte está solidária ao escritor Marcos Ferreira e tem repudiado a atitude da prefeitura de Mossoró por essa demissão política, sem sentido prático. Em nota publicada na edição do último dia 22 de seu blog denominado "Coluna Herzog", o jornalista Carlos Santos assim se expressou sobre a exoneração do poeta: "O fato de Marcos ocupar cargo na Biblioteca Municipal, ser premiado nacionalmente e, de verdade, significar um lampejo de cultura num ambiente de faz-de-conta, mostra como as autoridades municipais tratam seus valores. Como trabalhava, cumpria expediente, era competente e não afeito à bajulação endêmica, acabou expurgado".
Pelos seus relevantes trabalhos literários, contribuindo ativamente para a qualidade intelectual das Letras Potiguares, o poeta Marcos Ferreira deveria ter um cargo público vitalício, com a função de "escrevinhador" carimbada na carteira trabalhista.

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