9 de fevereiro de 2007

Kengas e Carnaval

Kengas desfilam no domingo de carnaval, no centro da cidade.

Elas são uma das páginas mais coloridas na história do carnaval natalense, e estão no auge da idade. Com 24 aninhos de folia entre bailes, desfiles e muita “fechação”, as Kengas estão prontas para botar os altos saltos na rua, e espalhar a alegria de sempre. O baile de 2007 será uma volta às raízes: se dará no Centro de Turismo, lugar das primeiras cinco festas da meninas, em anos passados. Sob o ecológico tema “Que bicho é esse?”, a festa toma a velha prisão nesta sexta-feira, a partir das 22h, com tudo que as Kengas - e seus fãs e simpatizantes - têm direito: música, performances, brilho, e muita vontade de se divertir.


O Centro de Turismo vai entrar no clima de caracterização ao estilo das Kengas, e vira uma “selva”, decorado com muito verde, plantas e animais cenográficos. “É uma brincadeira com a estranheza que as Kengas provocam, junto com uma mensagem ecológica”, explica Lula Belmont, criador do bloco. Muitas oncinhas, zebras, panteras e outros bichos exóticos deverão comparecer ao salão neste ano. A volta ao Centro de Turismo, segundo Lula, ocorre devido ao fato de que os clubes (como o América) estão com normas obrigatórias de horário para música alta. “Baile sem música não dá, tivemos que procurar outro local. Mas a troca não gerou trauma. Estar no local onde os bailes cresceram guarda um sentimento muito bom de nostalgia”, afirma.


A trilha sonora do baile mescla momentos de tradição carnavalesca e toques mais atuais, bem ao gosto das Kengas. A noitada abre com o trio especial formado por Will Axé, Kelly Vange e Eugênio Bezerra cantando um repertório só a base de frevos; em seguida, o DJ Bruno Giovani faz uma mistura pop/ ance/carnavalesca para a pista de dança, no mesmo momento em que será escolhida a “rainha” do baile, geralmente, a Kenga com o visual mais bonito e produzido. Na terceira fase da noite, o canto performático Rodolfo Amaral vai pôr sua banda para tocar marchas e frevos, e fechar - em todos os sentidos - o baile.

Preta Gil é a madrinha, ao lado da Cláudia Magalhães


Kenga, é claro, tem que ter madrinhas à altura. Para o baile de 2007, foi convocada a polêmica cantora Preta Gil como madrinha nacional. A madrinha local é a atriz Cláudia Magalhães, que “fechou” no palco da Casa da Ribeira como a personagem Tábata, a neurótica. “A Preta Gil é uma mulher que questiona valores morais e estéticos, é polêmica e bota a boca no trombone, ou seja, tem tudo a ver com as Kengas”, explica Lula Belmont. Destaca-se também o fato da cantora estar atuando recentemente numa peça em que vive um travesti.


“A Preta Gil é um nome quente na mídia atual. Ela está no auge e deve esquentar bastante o baile”, acredita Lula Belmont. Aliás, para ser madrinha de Kenga, tem que ser mulher de atitude e muito bom humor. Lula relembra vários nomes marcantes que já passaram pela festa, como Tânia Alves (a primeira), Maria Alcina, Amelinha, Monique Evans e Elke Maravilha. Entre as locais, Vânia Marinho, Madê Weiner e Roseane Melo também se destacaram. “Uma boa madrinha deve sempre fazer algum trabalho ligado à arte. Este é o parâmetro geral”, ressalta.

Baile reúne uma média de 2500 pessoas


O baile das Kengas costuma reunir um público médio de 2.600 pessoas, gente de várias faixas etárias e sociais. “As Kengas é um dos poucos eventos a manter viva a cultura do baile de salão em Natal, algo cada vez mais raro. Também mantemos a bandeira de festa popular, democrática e aberta a todos os segmentos da sociedade”, defende Lula.


O espírito agregador das Kengas também aceitou os novos tempos com o bom humor peculiar. A festa, que exige que a Kenga seja um personagem caricato e alegre, aceitou todas as formas de expressão. Há desde as Kengas tradicionais, daquelas que usam qualquer roupa comum disponível no armário para se produzir, até mesmo as modernas drag queens, importadas do mundinho noturno norte-americano. “O baile absorveu as drags americanas, e as incorporou sem problemas com as nossas ‘drags’ veteranas. Foi bom para renovar e aumentar a diversidade. O importante é ser criativo”, diz.

Kengas começaram na Banda Gália


Irreverência e criatividade a favor da diversão é uma combinação que acompanha as Kengas desde o começo. O embrião da história está na banda Gália, que marcou época entre 79 e 80, onde um grupo de amigos já gostava de se vestir de mulher para brincar. A partir daí, Lula Belmont teve a idéia de criar um concurso para escolher o visual mais original. Aconteceu em 1983, na finada boate Broadway, que ficava no coração da Cidade Alta. O produtor Marcos Sá sugeriu o nome. “Kenga faz um trocadilho com o coco e a prostituta nordestina, é escrachado e tem humor. Pegou na hora!”, conta. O “k” foi o “plus a mais ” na frescura.


Na metade dos anos 80, as Kengas já eram famosas no carnaval natalense. Daí surgiu a idéia do baile, com cobrança de bilheteria, para bancar o desfile que ocorre na Cidade Alta no carnaval. É sucesso até hoje. Em 2007, será no dia 18/02, com direito a show de Martinho da Vila às 20h. A trajetória cheia de brilhos, caras e bocas das Kengas está registrada numa exposição do fotógrafo João Maria Alves, no bar Bardallos, na Cidade Alta. São 35 fotos, coloridas e em preto e branco, que mostram o estilo das foliãs que animam o carnaval local há 24 anos. Exibidas...

(Matéria publicada na Tribuna do Norte)

Prévias carnavalescas

Folião todo dia

O Projeto Praia Shopping Musical, promovido pelo Sesc, oferece durante todo esse final de semana prévias carnavalescas, sempre a partir das 21h. Hoje, a atração é a cantora Cirleide Andrade, que leva ao palco canções do carnaval pernambucano. Amanhã, Lucinha Lira canta os sambas de carnavais dos anos 40 e 50 e no domingo, Alexandre Moreira, interpreta o carnaval de cordas do Brasil.

Carnaval Solidário

É hoje o Carnaval do Bem, promovido pela ONG Casa do Bem - Dr. Fernando Rezende. A festa pré-carnavalesca é filantrópica em prol da construção da Casa e vai começar às 22h, na Apurn de Pirangi. O comando da alegria será da banda Los Manos, que vai tocar sucessos de antigos carnavais. As mesas estão sendo vendidas ao preço de R$ 60 no Posto São Luiz, da Via Costeira, e em Pirangi, na própria Apurn. A senha individual será vendida na hora ao preço de R$ 15.

Carnaval na Redinha

A Banda do Siri, uma das mais tradicionais agremiações do carnaval natalense, sai amanhã, na Redinha, com concentração na Praça do Cruzeiro. A Banda do Siri já desfila há 19 anos com estandartes e bonecos gigantes; e esse ano vai homenagear os 100 anos do Frevo, sob a regência do maestro Alcione e sua orquestra composta por 30 músicos.

Aratu em Tabatinga

O Bloco Aratu no Facho sai amanhã na praia de Tabatinga, Litoral Sul. E o Cidadão Nota 10 está realizando a troca de notas e cupons fiscais por ingressos. Para adquirir o seu, o usuário deverá acessar o site www.showdenota.com e digitar 40 documentos fiscais, de qualquer valor, que foram emitidos a partir de janeiro, e fazer sua reserva on line. A Campanha do Nota 10 está disponibilizando 50 ingressos. Mais informações: 3232 7128.

Festa de aniversário

O restaurante Paçoca de Pilão comemora seus 17 anos de atividades com um show hoje que vai contar com grandes nomes da música potiguar: Carlos Zens (Fuxico Musical), Lucinha Lira & Banda e o DJ Bruno Giovanni. A festa vai ter início a partir das 21h30. A mesa custa R$ 40 e a senha individual, R$ 10. Durante o evento ocorrerá também sorteio de brindes. Reservas: 3238 2088.

Multicultural 2007

Amanhã, a partir do meio-dia no Alecrim, o bloco Aí vem a Turma do Alecrim vai fazer em frente à Lanchonete Jóia; e no mesmo horário, o Beco da Lama também vai ferver com o Cortejo Carnavalesco do Centro Histórico, na Cidade Alta.

Outros eventos

Show de LouvorO grupo de louvor de canto e música gospel do Rio de Janeiro, Toque no Altar, está em Natal hoje, fazendo um show no Ginásio Machadinho. Atualmente são 17 músicos que se dedicam ao ‘‘chamado’’ com muita oração e jejum. Com canções inspiradas na palavra de Deus, o grupo tem alcançado multidões e é recordista de vendas. Informações e reservas: 4005-1515.

Rock’n’roll momesco

Quem está a fim de barulho, mas não de marchinhas ou frevo, pode se juntar aos adeptos do Rock’n’roll hoje no DoSol Rock Bar, na Rua Chile, Ribeira. É que vai acontecer o Fest Hardmetal com a presença das bandas Rodubeck, G.O.T.A, Break All, Nasdark e Pots. Mas, como é período carnavalesco, o evento vai contar com a participação da Banda Anos 60. A festa começa a partir das 22h, a entrada custa R$ 5.Gravação de DVD Amanhã, a Banda duSouto vai reunir a galera para gravar seu DVD ao vivo. O evento contará com Mostra de Curtas, com direito a pipoca grátis e também apresentação do DJ Macaco. A festa está marcada para começar às 23h.

Teatro na Ribeira

O grupo de teatro Clowns de Shakespeare continua em cartaz na Casa da Ribeira, em dois horários. Hoje e amanhã, às 20h, com o espetáculo O Casamento do Pequeno Burguês e no domingo, às 17h, apresentam a peça infantil Fábulas. Os ingressos para ambas as peças custam R$ 14 inteira e R$ 7 meia. Informações e reservas: 3211 7710.

Show beneficente

Hoje no Hostel Lua Cheia, no Alto de Ponta Negra tem hoje show musical com cítara e viola, tocados por Alexandre Altmarama e também MPB/Jazz, com Manoca, Júnior Primata e Dudu. Além disso também haverá apresentação folclórica da capoeira e coco de zambê de Tibau do Sul. A entrada é franca. E o evento começa a partir das 19h e tem cunho filantrópico para ajudar crianças da praia de Pipa.

Conversa de homem

Os atores Roberto Frota e Marcos Wainberg estarão em Natal, encenando a peça Diálogos do Pênis, no Salão Bossa Nova, do Hotel Serhs, na Via Costeira, que fica em cartaz hoje, amanhã e domingo, sempre às 21h. O texto é de Carlos Eduardo Novaes, e trata de uma conversa entre dois amigos, Beto e Lula, sobre a alma e o corpo feminino. Aquele tipo de conversa que eles calam quando uma mulher passa.

Um comentário:

Capitão-Mor disse...

O Baile das Kengas ainda acaba por ser uma lufada de ar fresco nesta cidade que ainda é muito fechada para as novas realidades do mundo e onde qualquer pessoa que não gosta de forró é um bicho raro!