17 de março de 2007

Cordel do Beco da Lama

Autor: Manuel de Azevedo

Que importa a paisagem,
A glória, a baía,
A linha do horizonte?
- O que eu vejo é o beco!
(Manuel Bandeira)

1.

Manuel Bandeira semeou
Pelos becos poesia,
Com bastante primazia,
Tanto assim ele cantou,
Que o beco se elevou.
Eu também sou Manuel,
Eu também sou menestrel,
Eu também freqüento beco,
Com o copo cheio ou seco,
Boto o beco no cordel.


2.

Eu não sei qual o motivo,
Da antiga Rua do Meio,
Mudar-se pra nome alheio,
Que ninguém lhe faz cativo,
Rua Doutor José Ivo.
De fato é Beco da Lama,
Pois o povo é quem aclama,
E sempre cobre de louro,
Ao pequeno logradouro,
Consagrando-lhe tal fama.


3.

Bem no Centro da cidade,
O beco se localiza,
O boêmio se baliza,
Em busca de novidade,
De conversa e de amizade.
Comerciário, artista,
Biscateiro, jornalista,
Político e intelectual,
Etecetera coisa e tal,
Pra não se alongar na lista.


4.

Tem festival gastronômico,
Prato do Mundo é seu nome,
Nele de tudo se come,
Por preço mais econômico,
E com sabor astronômico.
Reveillon do Centro Histórico,
Já nasceu rico e folclórico,
Marca a passagem do ano,
Celebrações do profano,
Acendendo o beco eufórico.


5.

Mpbeco a cantar,
O beco numa ribalta,
Nele a música se exalta,
Também chegou pra ficar,
E aproveitando o rimar,
Veio fazer companhia,
No ritmo e na harmonia,
À musa desse universo,
Que enche o beco de verso,
Ao Dia da Poesia.


6.

E para bailar la bamba,
Tem que ser organizado,
Tem que ser associado,
Ay cumpadre! ay caramba!
Ao clube do beco, a SAMBA*.
O Beco é nosso jornal,
Nossa imprensa oficial.
Pro copo não ficar seco,
Na internet, Alma do Beco,
Nossa arma virtual.


7.

Beco de dois carnavais:
Carnaval do Centro Histórico,
No pé, sem carro alegórico,
Com frevos tão geniais,
Nas orquestras de metais!
Dezembro quando inicia,
De novo o beco é folia,
Carnatal lá no outro lado,
Traz ao beco o friviado,
O Carnabeco é alegria.


8.

Estreita senda esparrama,
Larga e densa inspiração,
Com refino e afinação,
Eu canto ao Beco da Lama.
Pixinguinha trouxe fama,
Fez-se astro desse universo,
Humano, pleno e diverso.
Nazi, meladinha, um brinde!
Dou-lhe ainda antes qu´eu finde,
O meu mais sublime verso.


*Sociedade Amigos do Beco da Lama E Adjacências.

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