Quando o cardeal Joseph Ratzinger foi eleito papa, há coisa de dois anos, ninguém esperava que a Igreja Católica fosse se arejar. Conservador, retrógrado, oriundo da Juventude Hitlerista, o alemão braço-direito de João Paulo 2º era daqueles de, no íntimo, desejar missa rezada ainda em latim. Daí seu apelido de rotweiller de deus. Não sei, portanto, porque a surpresa quando Bento 16 já em terras brasileiras em uma visita superexposta pela mídia, declarou que políticos que defendem o aborto merecem a excomunhão.
O que me surpreende é que ainda haja gente com medo da excomunhão. Na prática não significa nada. Na verdade, para o católico brasileiro tradicional, os dogmas do catolicismo pouco ou nada significam. Ir à missa, poucos católicos vão. Seguir as regras da doutrina, aí nem pensar. Católico brasileiro gosta mesmo é de festa: crisma, primeira comunhão, eucaristia, casamento na igreja, qualquer coisa que tenha música, um bolo, salgadinhos e bate-papo. Católico brasileiro, inclusive, é ecumênico: acredita em umbanda, tarô, I-ching, vai a vidente, cartomante e pai de santo. Mas, voltemos à festa.
A presença do papa no Brasil é boa para os católicos porque virou festa. Como cantaram os Engenheiros do Havaí, o papa é pop. É celebridade. É tão bom o papa no Brasil como a finada Lady Diana, Bill Clinton ou Bono Vox. Todo mundo quer ver, pegar na mão, acenar, não porque seja um líder espiritual, mas porque é “celebridade”. Agora, um católico deveria ter medo mesmo é do papa ampliar seu leque de excomunhões.
Já pensou se ele além dos políticos que apóiam o aborto, resolve excomungar políticos ladrões, mentirosos, mau administradores e corruptos? E se ele excomungar os eleitores que trocam voto por cesta básica? Como diz a letra do samba “Não fica um, meu irmão...”
Um comentário:
Oi, cara, você viu o 'Ser natalense' no Balaio? E viu também quem está por cima dele? Um abraço.
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