Texto: Alexandro Gurgel
Foto: AG Sued
Natal é o berço do dramaturgo, ator e diretor teatral Jesiel Figueiredo, que revolucionou a forma de se fazer teatro na cidade, além de dedicar sua vida à luta pela formação de platéias e engrandecimento da arte. Jesiel Figueiredo tem que ser reverenciado pela importante contribuição ao teatro potiguar, mas o show deve continuar. Seguindo a tradição teatral na terra dos Reis Magos, Cláudia Magalhães vem se despontando em cena como um novo talento nos palcos potiguares.
Foto: AG Sued
Natal é o berço do dramaturgo, ator e diretor teatral Jesiel Figueiredo, que revolucionou a forma de se fazer teatro na cidade, além de dedicar sua vida à luta pela formação de platéias e engrandecimento da arte. Jesiel Figueiredo tem que ser reverenciado pela importante contribuição ao teatro potiguar, mas o show deve continuar. Seguindo a tradição teatral na terra dos Reis Magos, Cláudia Magalhães vem se despontando em cena como um novo talento nos palcos potiguares.
Atriz, bailarina, cantora, escritora e produtora, Cláudia Magalhães é uma mulher atuante na cena teatral norte-riograndense. Nos últimos anos, ela tem se envolvido em grandes espetáculos ao ar-livre como os autos “Terra de Sant’Ana”, em Caicó e “Um Presente de Natal”, na capital, além de longas temporadas na Casa da Ribeira interpretando e cantando. O deslumbramento pelos aplausos começou ainda adolescente, no grupo de teatro do Colégio Salesiano São José, quando Cláudia Magalhães interpretou uma onça que se apaixonou por um macaco no seu primeiro papel teatral. “O pessoal viu que eu era muito comunicativa e me convidou para entrar nesse grupo”, ressaltou.
As cortinas do verdadeiro palco começaram a se abrir quando a jovem Cláudia conheceu o diretor teatral carioca, César Amorim, que viu a peça, gostou da “onça” e a convidou para montar duas peças: “O Mito do Andrógino”, que reunia uma coleção de textos nacionais; e depois, a peça “De Baco a Beth”, uma comédia que contava a história do teatro. Ambas com sucessos inesperados. Nessa mesma época, Cláudia conheceu o diretor de teatro João Marcelino, que a convidou para fazer o espetáculo “O moço que casou com a mulher braba”, que tinha ainda no elenco Clotilde Tavares e Marcos Bulhões. “Nesse momento eu não aceitei o convite porque era muito jovem e fazia teatro por brincadeira”, afirmou.
“Eu abandonei toda essa brincadeira para casar, mexer panelas e cuidar de menino”, conta Cláudia, lembrando da época que ficou afastada dos palcos para viver seu papel de esposa e dona de casa. No final dos anos 90, voltou a reencontrar César Amorim no antigo barzinho Black Out, na Ribeira, que fez uma proposta para ela voltar a fazer teatro com um novo conceito. “Dessa vez, o teatro preencheu meu coração de uma forma diferente”, lembra.
Desde então, Cláudia começou a trabalhar com afinco, reunindo alguns bons atores para montar o espetáculo “As fúrias”, na Casa da Ribeira, tendo um grande sucesso desde a estréia. Numa das apresentações, ela disse que teve a honra do ator global Raul Cortez ter assistido à peça. “Eu me tremia todinha só de pensar que Raul Cortez estava na platéia. Depois da peça, ele veio falar comigo e disse que gostou muito do meu trabalho”. De acordo com Cláudia Magalhães, sua visão sobre o teatro mudou através de João Marcelino quando começou a encenar Macbeth, uma tragédia escrita por William Shakespeare, dirigida por Marcelino e produzida por Henrique Fontes. O espetáculo foi chamado “O Caminho das Folhas de Outono”, atraindo um grande público à Casa da Ribeira.
Cláudia confessa que é autodidata nas artes cênicas. Ela faz teatro por puro prazer e resume: “sou feliz quando estou representando”. Seu grande sucesso como atriz é a personagem “Tathiene Tábata Neurótica”, cujo espetáculo rendeu meses de casa cheia no final do ano passado, na mesma Casa da Ribeira, com a direção de João Marcelino. “Eu me apaixonei pelo trabalho de Marcelino e ele pelo meu. Uma química perfeita”, completou. Conforme a atriz, Tathiane quer aquilo que todo mundo deseja: uma mulher feliz procurando o grande amor. No palco, sozinha, Cláudia interpreta Tathiene e outros personagens. “É um monólogo muito divertido e eu empresto algumas das minhas histórias pessoais de neuroses à Tathiene”.
Atualmente, Cláudia está trabalhando com um projeto para retornar com a peça “Tathiene Tábata Neurótica”, por causa da grande procura pelo espetáculo, sobretudo em Mossoró, Caicó e Currais Novos, onde ela deverá se apresentar no segundo semestre. “Vamos ao interior com a peça e depois, voltaremos para mais uma temporada em Natal”, confirmou. Dos 10 anos de apresentação no espetáculo natalino “Um Presente de Natal”, Cláudia participou de quatro temporadas como atriz. Em 2005, ela escreveu o texto, fez parte da peça interpretando Nossa Senhora, uma das narradoras da história e ainda trabalhou na produção executiva.
Desde o ano passado em Caicó, é apresentado o espetáculo “Terra de Sant’Ana”, escrito por Cláudia, que também interpreta a padroeira. Segundo ela, além de contar a história de Sant’Ana, o auto também revela questões sociais para reflexão que afetam a humanidade como a miséria, a falta de solidariedade, a ganância, a violência, entre outros temas. “A gente precisa celebrar, mas a gente precisa falar no que está acontecendo e aproveito esses espetáculos para questionar”, disse.
Como cantora, sua carreira começou quando trabalhou com a voz em musicais como “Bye, Bye Natal”, interpretando a lendária cafetina Maria Boa, “As Aventuras de Pedro Malasartes” e “A farça do poder”, todos escritos por Racine Santos. Sua performance chamou a atenção do cantor Isaque Galvão que a convidou para apresentar um show no Avesso Clube, como back-vocal. A partir desse encontro, Cláudia acompanhou Isaque em eventos como São João, no Pólo Multicultura do Carnaval em Ponta Negra, em cima do trio elétrico no Carnatal, entre outros shows.
Com a cabeça cheia de projetos, Cláudia Magalhães está escrevendo o espetáculo “Esquina do Mundo” (nome provisório) que revela histórias com os personagens do Grande Ponto e do Beco da Lama, redutos de boemias e tertúlias literárias. “Quis homenagear grandes figuras que habitavam o lugar como Lambretinha, Newton Navarro, Djalma Maranhão, Cascudo, Nazir. Também é uma grande homenagem ao Beco da Lama”, ressaltou. Danilo Guanais se apaixonou pelo texto e vai fazer as canções da peça. A direção será de João Marcelino. Não há data definida para estrear “Esquina do Mundo”, mas Cláudia garante que até o fim do ano o espetáculo entra em cartaz.
Trazendo uma nova luz para o teatro potiguar, o talento de Cláudia desponta nos palcos e encanta as pessoas que assistem, como se fosse uma cartase de extrema intensidade, trazendo à tona os sentimentos de terror e piedade dos espectadores, proporcionando-lhes o alívio, ou purgação, desses sentimentos. Como pensava Jesiel Figueiredo, não basta apenas encantar a platéia, a missão de Cláudia Magalhães é reconstruir um conceito da nova dramaturgia e fazer história no teatro potiguar.
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