Alexandro Gurgel
AçudeLívio Oliveira, Natal RN
Forma caudalosa,
cercada de algarobas e sonhos.
À margem, passa a vida
do homem e da mulher
com sorte de perenidade.
Posição ao sol
faz reluzir a cena da canoa.
O menino engendra
o gesto ao longe
e aponta para água
de peixes de razante.
Os matos crescidos na geléia fria
do poço imenso,
misturam à densidade
de um tempo que flui,
sem se sentir,
a aspereza da vida barbada
do homem que observa,
sentado, frente ao infinito,
buscando o horizonte
de mil pássaros,
cortando o sol.
Dor de sangue
no sertão do Cauaçu.
(In "Telha Crua - Poesia", de Lívio Oliveira - Prêmio Luís Carlos Guimarães 2004 / Prêmio Othoniel Menezes 2004).
Um comentário:
O poema de Lívio é bom: eis um poeta que tem merecido a nossa atenção. A foto é do Açudão de Açu, não? O que se vê, em primero plano, é a torre da Igreja da antiga (e submersa) São Rafael? Um abraço.
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