Antoniel Campos, Natal RN
quando me comeste
de uma forma como nunca em mim fizeste
ouvi no imperativo os verbos mais sagrados
vem sobe encaixa mete fode
despossuí-me das rédeas que trazia
no máximo fazia
o mínimo necessário
em ti me dissolvia
em ti me misturava
e tu senhora e ama
da cama e do momento
nos volteios que me impunha o teu desejo
deste-me à língua a tua pele
toda ela toda líquida toda nua
levaste as minhas mãos à cabeceira
e no transe hipnótico provocado
juro que senti as mãos atadas
pedias — ou mandavas — que eu gritasse
e eu de olhos fechados sussurrava
meu amor
à peça última que inútil te vestia
— um meia-taça já nos ombros derreado —
levaste à minha boca
e tal como crisálida
dele tu saíste
deixando-o em mim como mordaça
me abraça meu amor, disse, me abraça
subias e descias no compasso certo
sabias e dizias os verbos sagrados
vem sobe encaixa mete fode
e naquela vez per la prima volta
chorei de gozo
quando me comeste
16 de julho de 2007
Fotografia e Poesia
Fotógrafo desconhecido - 1932
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Um comentário:
Boa foto, embora um tanto "artificial". Um abraço.
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