por Carlos Fialho
Morar longe de Natal nos faz sentir saudades de muitas coisas. Saudades da família, das gatations, dos amigos( principalmente dos canalhas, patifes e vigaristas), das praias (Pirangi, Ponta Negra, Redinha, Pipa), da Ribeira, das cachaças e tudo mais. Porém, tem uma coisa da qual tenho saudades mais do que tudo. Tem um detalhezinho que nos faz uma falta imensa: falar galado.
Falar galado nos faz sentir mais natalenses. É como se redescobríssemos nossas raízes cada vez que dizemos tão nobre palavra do nosso vocabulário regional. Aliás, galado é só nossa. Um natalense que nunca falou galado não é digno de confiança. Não o chame para almoçar na sua casa e, em hipótese alguma, deixe este enganador sair com sua filha.
Os cariocas não falam galado. Isto é, em lugar nenhum do mundo além da grande Natal se fala galado. Se você sair daí e cumprimentar alguém com um singelo e bem intencionado “Digaí, galado”, invariavelmente ouvirá um “Como é que é rapá?” como resposta. Eles simplesmente não compreendem a beleza etimológica que define nossa identidade de natalenses.
Aliás, na entrada de Natal deveria haver uma placa com os dizeres “Bem-vindos, Galados”. Os grandes cidadãos natalenses receberiam a condecoração da “Ordem dos Galados” e os poetas potiguares escreveriam odes a este belo vocábulo.
Muito antes de toda esta celeuma em torno de remédios genéricos, nós já tínhamos inventado a primeira palavra genérica da língua portuguesa com conotações positivas e negativas, agradáveis e desagradáveis. Galado combina com tudo:
Para dar parabéns.
-Ei, hoje é meu aniversário.
-Parabéns, galado.
Para definir algo ruim.
-Como é que foi o jogo de society?
-Foi a pelada mais galada que eu já joguei.
Para denunciar um canalha.
-Aquele cara é legal?
-Não. Na verdade é um galado.
Ou o contrário.
-Aquele cara é legal?
-É. Ele é muito engraçado. É um galado.
Grandes teses seriam escritas por historiadores locais sobre a importância da palavra galado na construção da sociedade num contexto geopolítico do pós-guerra. Os lingüistas potiguares abordariam todas as variantes do termo e o impacto sobre o nosso vocabulário.
Galado é uma dessas palavras que nos dá prazer de falar. É quase indescritível. Só sabe quem já falou. Ah, como é bom falar galado! É uma palavra tão... tão... Sei lá, tipo, galada mesmo.
10 comentários:
Muito hilário esse post, o cara é um "galado" mesmo. Parabéns!
"Reado" é outra palavra que só em Natal se ouve.
Galado que eu saiba significa:
Gala = esperma... kkkkkk
ou seja... quando metemos no pelo e tiramos na hora de gozar.... falamos: Ela ficou toda galada! hahahahaha
em Natal tem muitos galados??? kkkkk
Nada a ver a associação de galado a gala, do esperma. Reza a lenda q a expressão foi criada na época da presença americana em Natal. Os militares americanos qdo iam para os bailes, usavam sempre as suas fardas de gala. Daí, o pessoal começou a dizer: lá vem os galados. E aí ficou a expressão, q ganhou várias aplicações já q entre os "galados" haviam os galados legais e os galados fuleiras.
Não deve ser encarado como uma expressão pejorativa. Antes, é uma expressão regional que pode ser utilizada de forma versátil por qualquer cidadão natalense.
Gostei da idéia da placa na entrada da cidade "Bem vindos galados..." kkkkkkk
muito bom!!
Da mesma forma que porra é para os Baianos, galado é a palavra melé para os natalenses
Olá Galados,
esse post me inspirou criar o site www.galado.com.br
abraços
Muito massa, é bom falar ei galado!!!!!
Gostei ! Os Galados , tempos que eu tb não ouvia ou falava abs
Dora Cortez
esse galado é um galado mesmo
Postar um comentário