19 de setembro de 2007

Dicas de Leituras

Don Quixote. Vol. 1, de Miguel de Cervantes
"Num lugar da Mancha, de cujo nome não quero lembrar-me, vivia, não há muito, um fidalgo, dos de lança em cabido, adarga antiga, rocim fraco, e galgo corredor. Passadio, olha seu tanto mais de vaca do que de carneiro, as mais das ceias restos da carne picados com sua cebola e vinagre, aos sábados outros sobejos ainda somenos, lentilhas às sextasfeiras, algum pombito de crescença aos domingos, consumiam três quartos do seu haver. O remanescente, levavam-no saio de belarte, calças de veludo para as festas, com seus pantufos do mesmo; e para os dias de semana o seu bellori do mais fino."
Leia a primeira parte de Don Quixote na íntegra

Dois ou três almoços, uns silêncios. Fragmentos disso que chamamos de "minha vida", de Caio Fernando Abreu
“Há alguns dias, Deus — ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus —, enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor. Ou disso que chamamos, também com descuido e alguma pressa, de amor. E você sabe a que me refiro.Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer — eu já estava lá dentro. E estar dentro daquilo era bom. Não me entenda mal — não aconteceu qualquer intimidade dessas que você certamente imagina. Na verdade, não aconteceu quase nada. Dois ou três almoços, uns silêncios.”
Leia este e outros textos de Caio Fernando Abreu

Poemas de Álvaro de Campos, de Fernando Pessoa
"Vai pelo cais fora um bulício de chegada próxima,
Começaram chegando os primitivos da espera,
Já ao longe o paquete de África se avoluma e esclarece.
Vim aqui para não esperar ninguém,
Para ver os outros esperar,
Para ser os outros todos a esperar,
Para ser a esperança de todos os outros.

Trago um grande cansaço de ser tanta coisa.
Chegam os retardatários do princípio,
E de repente impaciento-me de esperar, de existir de ser,
Vou-me embora brusco e notável ao porteiro que me fita muito mas rapidamente.

Regresso à cidade como à liberdade.

Vale a pena existir para ao menos deixar de sentir."
Leia outras poesias de Álvaro de Campos

Resenha
“Na verdade, o sertanejo possuía um caráter ambíguo. Euclides da Cunha, ao mesmo tempo em que lhe atribuía características positivas, sustentava ser a mestiçagem um impedimento para o progresso da raça brasileira. Essa ambigüidade também estava presente na religiosidade sertaneja, na qual prevalecia um elemento monstruoso, ou seja, a ausência de harmonia nas formas e a mistura de antagonismos.”
Leia a resenha de “os Sertões”, de Euclides da Cunha

Resenha – Literatura infanto-juvenil
“Ninfa Parreiras escreve um conto de suavidades, com mineirações tão próprias dos escritores que nasceram entre montanhas. Bartolomeu Campos de Queirós, como nenhum outro, já confessara como era difícil ser menino e conter uma idéia sobre a imensidão e a liberdade.”
Leia a resenha de “Com a maré e o sonho”, de Ninfa Parreiras

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