4 de setembro de 2007

Lívio Oliveira lança livro "Pena Mínima"

Foto: AG Sued
Escritor e poeta Lívio Oliveira lança mais um livro nessa quinta-feira.

Por Carla Sousa
Jornalista
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No início do século 20 chegava ao Brasil o Haikai, um poema de origem japonesa de composição, aparentemente, simples. Esse estilo literárioganha seu primeiro livro no Estado. “Pena Mínima” é o título da obra, de autoria do poeta Lívio Oliveira, que será lançado nesta quinta-feira (06), às 19h, na Livraria Siciliano do Midway Mall.

A nova obra de Lívio reúne haikais e poemas curtos, onde o autor faz uso da criatividade, já observada no título da obra. “Esse é um título ambíguo, que diz tudo. A pena é a do escritor, é o esforço para construir algo interessante. Ao mesmo tempo, significa escrita mínima, essencial. O leitor irá encontrar vários outros sentidos”, explica o poeta.

Lívio Oliveira sempre foi um profundo admirador da capacidade de síntese, tão comum do Haikai, que é a arte de dizer o máximo com o mínimo de palavras. O Haikai clássico consiste em 17 sílabas japonesas, divididas em três versos de 5, 7 e 5 sílabas métricas, sempre com alguma referência à natureza (diferente da natureza humana).

O haikai também deve conter um kigo, palavra que se refere a uma das estações do ano, que indica quando foi escrito. Esse tipo de poesia refere-se a um evento particular. Ou seja, não é uma generalização, e tal evento acontece “agora”, e não no passado.

A criativa obra de Lívio reúne haikais conseqüentes, haikais do sertão, do mar alto, da razão, do corpo da mulher, das dimensões, do Beco e de sua alma. Não é a primeira vez que o autor faz uso do minimalismo, também observado em “Telha Crua”, outro título dele. “Essacaracterística está bem mais evidente nessa nova obra”, afirma.

O escritor Nei Leandro de Castro, responsável pelo texto de apresentação de “Pena Mínima”, afirma que, mesmo os poemas curtos, de estrutura fora do haikai, têm o mesmo nível de qualidade, livres da estrutura dos 17 versos, com maior autonomia para voar, seduzir, aninhar-se na intimidade da poesia.

Muito embora tenha desembarcado no Brasil em 1919, com o poeta Afrânio Peixoto, a primeira incursão do haikai no país se deu através de Guilherme de Almeida. Em um esquema proposto por Almeida, a 5ª sílaba do 1º verso rima com a 5ª sílaba do 3º verso, e o 2º verso possui rima interna (2ª com 7ª sílaba).

Assim como outros hábitos culturais introduzidos no Brasil, o haikai também conquistou admiradores, embora de uma forma mais discreta. Millor Fernandes, por exemplo, é autor de um famoso livro do gênero, onde emprega o que sempre soube fazer: humor de altíssimo nível.

Para o advogado público Federal, “Pena Mínima” deve provocar no leitor um momento de reflexão e de descoberta. O poeta é autor de outros três livros. “O Colecionador de Horas”, de 2002 também repune poesias. Já em 2004, Lívio lançou uma pesquisa sobre livros e bibliófilos do Rio Grande do Norte, intitulado “Bibliotecas Vivas do Rio Grande do Norte”. Nesse mesmo ano, o escritor lançou outro título de poesia, “Telha Crua”.

Um comentário:

Anônimo disse...

que essa "Pena Mínima" seja comprida e eternizada a gosto dos melhores sabores da nossa língua...
sucesso para quem já brilha, esse Lívio danado!!!
beijos...