4 de outubro de 2007

Mamanguape se prepara para receber Clotilde



ARTIGO

Por Leonardo Sodré
jornalista

A cidade está em festa. Os poderes se reuniram para receber a escritora Clotilde Tavares que anunciou na noite do feriado dos Mártires do Rio Grande do Norte, nesta quarta-feira 03, que não conseguiria ser vetor de uma guerra entre duas cidades irmãs, Natal e João Pessoa, por sua posse definitiva. Resolveu fincar raízes literalmente no meio do caminho: Mamanguape, terra boa, perto do mar e, sobretudo silenciosa.

A confusão começou quando Clotilde resolveu participar de uma reunião com membros do seu grupo de discussão na Internet, o "Umas & Outras", em Natal. Quando ela fez o anuncio oficial, imediatamente um grupo liderado pelo sociólogo e fotógrafo Karl Mesquita Leite deu inicio a um processo que ele chama de "repatriação", denominado de "Volta Clotilde", para que a escritora voltasse a morar no silêncio do bairro de Capim Macio, em Natal.

Para Karl e outros conspiradores, a reunião que ocorreu no Shopping Orla Sul, seria o primeiro passo na tentativa de finalmente ouvir o "sim" da escritora, hoje imortalizada como personagem de livro e filme. Ele e os outros não contavam, entretanto, com a resistência que começou a tomar forma na noite da terça-feira 02, em um bar, na praia de Tambaú, e que ficaria conhecido como o "Fica Clotilde".

Membros irresignados da lista eletrônica "Umas & Outras" que moram em João Pessoa, resolveram enfrentar as hordas comandadas por Karl Leite, e antes mesmo que escritora alcançasse os limites geográficos de Natal, o levante foi anunciado, já na manhã da quarta-feira 03.

Observadores militares presentes ao evento disseram que discursos inflamados foram ditos ao longo daquela noite. Para alguns, a permanência de Clotilde em João Pessoa era ponto de honra do povo paraibano. "Afinal – disse um orador -, ela nasceu em Campina Grande e é paraibana. Não existem razões para que aqueles comedores de camarão (fazendo uma alusão aos índios potiguares) queiram levar nossa menina", bradou. "Isso na verdade – aumentou a voz, já com o rosto muito vermelho, próximo a um ataque do coração -, é um seqüestro bem urdido, daqueles que corrompem a vítima!", encerrou exausto enquanto se servia de uma dose dupla de uísque.

Quando a escritora soube do ocorrido, depois de ser muitíssimo bem tratada pelos conspiradores natalenses, tomou a decisão que alegrou Mamanguape. "Pronto! Fico no meio do caminho. Eu sou de uns e de outros, de paraibanos e norteriograndenses. Na volta comunico ao prefeito e agrado a todo mundo, principalmente a mim, que quero ter paz e silêncio", encerrou.

O judiciário, o executivo e o legislativo de Mamanguape nunca ficaram tão unidos. Já arranjaram uma casa defronte a um vale, a poucos quilômetros do mar. O prefeito baixou um decreto proibindo forró a um quilometro da casa de Clotilde e a Câmara Municipal já lhe considera cidadã mamaguansensse. Quanto aos conspiradores. Tanto de um lado, quanto de outro, resolveram agora se unirem para visitar em romaria as novas instalações do Solar Tavares, em terras históricas para comer gordos caranguejos que a escritora promete mandar preparar para quem a visitar. É a paz, ninguém negue.

Um comentário:

Anônimo disse...

sou mamanguapense e gostaria de conhecer Clotilde pelo menos por aqui nunca ouvi falar.de certo que Mamanguape é uma cidade maravilhosa, será que ela conseguiu falar com o prefeito por que aqui é a coisa mais difícil encontrá-lo a não ser quando vai inaugurar alguma obra, salvo engano depois de sete anos apareceu para inaugurar uma.