15 de janeiro de 2008

A verdadeira história de “Linda Baby”


A canção “Linda Baby” é a marca registrada de Pedrinho Mendes. Composta em 1981, quando o músico tinha 18 anos, “Linda Baby” tomou uma dimensão nunca antes imaginada pelo autor. Pedrinho compôs a música para a “cidade que é o meu viver”. Atualmente, “Linda Baby” é considerada oficialmente o “hino extra-oficial” de Natal. “Já cantei essa música em cerimônias onde ela foi considerada como hino da cidade”, salientou.

Pedrinho lembra que certa vez durante uma solenidade oficial onde estavam a governadora Wilma de Faria e o prefeito natalense Carlos Eduardo, Pedrinho cantou “Linda Baby” no momento em que a bandeira da cidade era hasteada. “Nesse dia, com uma conversa informal com a governadora e o prefeito, foi decretada que Linda Baby seria oficialmente o hino extra-oficial de Natal”, relembrou.

Pedrinho reconhece que os versos de Othoniel Menezes, “Serenata ao Pescador”, conhecida como “Praieira” é a primeira referência musical laudatória à cidade de Natal. Mas, faz uma ressalva que sua “Linda Baby” é a mais tocada nas últimas duas décadas. “Isso me deixa muito orgulhoso. Hoje, eu chego a qualquer lugar, seja com pessoas humildes ou no meio de pessoas com destaques na sociedade, e quando eu falo algum trecho da música as pessoas a reconhecem”, afirmou.

A princípio, a música foi feita para uma amiga pernambucana para mostrar os encantos da cidade. Mas, com o tempo, o autor confessar que também era uma homenagem à Natal. Conforme Pedrinho, a palavra “baby” faz parte de uma tradição natalense desde a II Guerra Mundial, quando a cidade teve forte influência americana e explica: “Na verdade, Linda Baby é Sheila, uma amiga pernambucana”.

Nos versos: “Aqui não tem Avenida São João / Nem o mesmo padrão que se tem por aí”, as pessoas podem pensar que Sheila é paulista. Porém, Pedrinho justifica que ela falava muito que conhecia São Paulo e outros lugares sofisticados. “Naquela época, ela reclamava que Natal não tinha uma escada rolante e outros confortos de uma grande cidade. Então, resolvi escrever uma espécie de carta, cantando para ela voltar sempre aqui porque Natal tem outras coisas que ela não encontra em outros lugares”, disse.

Na época, Sheila era prima de uma namorada natalense de Pedrinho, que afirma não ter tido nenhum tipo de envolvimento amoroso com a “Linda Baby”. Algum tempo depois, Sheila conheceu a música e mudou sua opinião em relação à cidade. De acordo com Pedrinho, quando ela voltou à Natal, ouviu a música, adquiriu o CD, ela tornou-se completamente apaixonada quando atendeu ao apelo “Linda Baby volte sempre aqui”.


A polêmica dos baixos cachês

Pedrinho é um critico ferrenho da disparidade que há entre os cachês pagos aos artistas locais e aqueles nacionalmente conhecidos da Musica Popular Brasileira quando vêm fazer shows em Natal. O músico natalense relata que reclamou com alguns produtores culturais em relação ao tratamento dispensado aos artistas nacionais. “Enquanto os artistas potiguares têm uma tenda com água, as estrelas nacionais dispõem de camarotes com ar condicionado, mesa de frios e uísque importado”, afirmou.

Pedrinho concorda que essa concepção não é apenas de quem produz os shows. “Esse é um problema da classe artística local. Quando a gente não reclama em função de um direito legítimo, a gente acaba se contentando com pouco. Eu exijo, mas exijo sozinho”, desabafou. O músico também relata que está sendo boicotado em alguns eventos por causa da sua postura em defender cachês mais dignos para a classe.

Conforme Pedrinho Mendes, os artistas potiguares devem se unir para, em bloco, protestar contra essa política predatória. “Já está na hora dos dirigentes culturais pagarem um cachê melhor e ter orgulho de pagar bem”, ressaltou Pedrinho, sugerindo que os Poderes Públicos diminuíssem o número de artistas em cima do palco para aumentar o cachê. “Se os artistas se unirem em tono de um objetivo comum, os produtores começariam a valorizar mais o artista local”, disse.

Essa política desigual, praticada pelo Governo do Estado e Prefeitura do Natal, foi praticada durante os festejos do “Natal em Natal”, em pleno Machadão. A cantora Rita Lee firmou contrato com o Município pela bagatela de R$ 148.500. Enquanto isso, o cachê das artistas potiguares para cantar durante a inauguração da ponte, Khrystal e Valéria Oliveira, foi de R$ 2.500. No final do show, usando uma simples calculadora, qualquer pessoa descobre que uma Rita Lee vale 30 vezes mais do que Khrystal e Valéria juntas.


Linda Baby
(Pedrinho Mendes)

Essa é uma terra de um deus mar
De um deus mar que vive para o sol
E esse sol está muito perto daqui
Venha e veja tanto quanto pode se curtir

Linda terra para a mãe gentil
Belo cai o sol sobre esse rio
E esse rio também está perto daqui
Venha e veja tanto quanto é o nosso Potengi

Sempre que estiveste por aqui
Não observaste o nosso ser
Não aproveitaste o lindo olhar ao céu
Venha, pois não dá prá dizer tudo no papel

Curte-se aqui ao natural
A natureza espalha o nosso chão

Estou cantando a terra que é o meu viver
E acontece que eu estou cansado de dizer
Que aqui não tem Avenida São João
Nem o mesmo padrão que se tem por aí
Coisas que não tem em todo o canto não se deve exigir

Isso é Natal, ninguém se dá muito mal
Como dizem pessoas quase sem se sentir
Linda baby, baby linda, volte sempre aqui.

Um comentário:

Unknown disse...

Caro Alex Gurgel!
Sou filha de Natal, nascida em criada nesta terra abençoada!
Graças à internet me mantenho conectada à minha cidade e em tudo o que acontece por aí. Moro fora há alguns anos e gostaria de saber se existe esta música do Pedrinho disponível para download. Já procurei em tudo quanto é lugar e não encontro.
Agradeço se me responder!
Saudações de uma ap-aixonada por fotografias,
Cláudia Carraro