27 de março de 2008

Dia Internacional do Teatro

Guerrilha Cultural
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CORTEJO PERCORRE CIDADES DO RN PARA CELEBRAR O DIA INTERNACIONAL DO TEATRO E DO CIRCO
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Fotos e texto: Raildon Lucena

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No percurso, artistas protestam contra decisão da Câmara de Janduis que rejeitou criação de fundação cultural
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Um grande cortejo cultural percorreu as cidades de Campo Grande, Janduis, Messias Targino, Patu, Olho D´água dos Borges, Lucrécia e Umarizal com a finalidade de celebrar o dia 27 de março, data em que se comemora o Dia Internacional do Teatro e do Circo.

O evento idealizado pelo Movimento Escambo Livre de Rua também serviu para divulgar a realização do XXIII Escambo de Teatro de Rua da cidade de Umarizal, entre os dias 18 e 21 de abril. Em cada cidade que passaram, os artistas realizam apresentações culturais, de música e de poesia. Eles também protestaram contra os vereadores de oposição de Janduis que rejeitaram o projeto que iria criar a Fundação Municipal de Cultura.

Segundo os organizadores, esse escambo já conta com cerca de 500 inscritos, de 12 estados do Brasil. Estão confirmadas as participações de 25 cidades do Rio Grande do Norte e 10 do Ceará. Uma das metas do escambo de teatro de rua é contribuir na discussão e construção das políticas públicas na área da arte e da cultura, além de fortalecer os grupos e artistas da região.

Júnio Santos, do grupo de teatro Cervantes do Brasil e coordenador do Movimento Escambo, disse que a guerrilha cultural foi pensada com o intuito de que o escambo chegasse a toda a região. “Desde agosto do ano passado, nós estamos em mobilização por essa região. Fizemos vários saraus poéticos lá em Umarizal e a guerrilha era uma sugestão de que a gente não deixasse o escambo só na cidade, que toda a região soubesse e que a gente convocasse as pessoas para que elas fossem assistir e participar”, comentou.

Ele acredita que esta edição será a maior já feita, pois contará com a participação de 500 artistas. “Vem gente da Argentina, do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Rondônia, Ceará e Maranhão. O Movimento Nacional de Teatro de Rua do Brasil também está vindo com seus representantes para participar do escambo de Umarizal”, afirmou.

O artista lamentou a reprovação do projeto que iria criar a Fundação Municipal de Cultura de Janduis por parte da bancada oposicionista daquela cidade. “Absurdo o que foi feito em Janduis, pois a Fundação de Cultura de Janduis não é uma coisa de hoje. É um almejo do povo. É uma decisão desse povo que faz arte com a sua família. E essa votação se voltou contra quem votou. Porque não vai de forma alguma acabar com esse movimento cultural de Janduis, que resistiu em outras administrações quando não tinha nenhum apoio. E agora, que tem apoio e começa a crescer, vem uma Câmara Municipal e nega a fundação cultural”, criticou Júnio Santos.

Lindemberg Bezerra, coordenador da Companhia Cultural Ciranduís, disse que a guerrilha também foi pensada como forma de protesto contra a reprovação da Fundação Municipal de Cultura da cidade de Janduis pela bancada de oposição na sessão da última semana.

Em sua opinião, os artistas de Janduis estão inconformados com a decisão dos vereadores, mas não foi o suficiente para desanimá-los. “O movimento cultural de Janduís é muito forte. Nossos artistas estão empenhados e de cabeça erguida, pois a criação dessa fundação já era um desejo de mais de 20 anos”, assegurou Berg. Para ele, o movimento cultural de Janduis sai fortalecido, pois “a classe está mais unida do que nunca”, completou.
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Movimento Escambo

O Escambo surgiu em 1991, na cidade de Janduis. Naquela época, administrada pelo PT, o Município e se encontrava em pleno decreto de calamidade pública provocada pela estiagem geradora da indústria da seca no Nordeste, cercada pela violência da pistolagem e pelo abandono político por parte dos Governos Federal e Estadual.
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O evento surgiu como irradiador cultural, reunindo grupos de teatro de rua, poetas, capoeiristas artistas plásticos e mestres populares. O intuito é socializar suas experiências artísticas, culturais, políticas e comunitárias na busca de uma organização social e atuação política, em termos regional e local, e num espaço livre de produção de conhecimento e inclusão e inserção do cidadão na sociedade.

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