11 de maio de 2008

Grande Ponto entrevista Gilberto Gil

Fotos: AG Sued
Ao lado da governadora Wilma de Faria, Gilberto Gil deu entrevista coletiva à imprensa. O Grande Ponto fez uma entrevista exclusiva com o ministro.
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Na última quarta-feira, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, esteve em Natal com o objetivo de assinar acordos de cooperação com o Governo do Estado para implementeção do projeto “Mais Cultura”, do Governo Federal, que vai proporcionar investimentos de R$ 4,7 bilhões na cultura brasileira, durante os três próximos anos.

Com o programa “Mais Cultura”, serão criados 53 novos Pontos de Cultura no Rio Grande do Norte, que atualmente, conta com 11 unidades implantadas. Dentre outras ações, em parceria com o Governo do Estado, o programa possibilitará a instalação de 22 novos bibliotecas em todo o RN.

Com a instalação dos novos Pontos de Cultuera, serão investidos no Rio Grande do Norte, cerca de R$ 8.200 milhões, cabendo a Fundação José Augusto a contrapartida de R$ 1.800 milhões. Cada Ponto de Cultura receberá, anualmente, R$ 60 mil para serem investidos na manutenção e outros projetos durante três anos.

O ministro Gilberto Gil concedeu uma entrevista coletiva no salão de eventos do Hotel Barreira Roxa, na Via Costeira, onde falou sobre os investimentos nos novos Pontos de Cultura no Estado. Com exclusividade, este blogueiro fez uma entrevista exclusiva com o ministro Gilberto Gil, em meio a todo burburinho em volta do ministro-cantor.

Ministro, o que o senhor conhece sobre a cultura potiguar?
Conheço pouca coisa... Só o que chega no corpo das expressões culturais nordestinas de um modo geral. Pontualmente assim, como autores e cantores... Lembro-me muito bem do Trio Irakitan e de Ademilde Fonseca, a rainha do chorinho brasileiro. Mais importante do eu conhecer pessoalmente a cultura do Rio Grande do Norte é que a cultura potiguar tenha, cada vez mais, a oportunidade de se popularizar e ter seus próprios processos de expansão para outros Estados. Do ponto de vista do trabalho do ministro essa expansão cultural é mais interessante.

Os Pontos de Cultura no Rio Grande do Norte já estão listados para receber os recursos do ministério da Cultura?
Os Pontos de Cultura são apoios que nós damos as iniciativas culturais já existentes. Apoio financeiro por dois anos e meio, com recursos de R$ 185 mil durante esse tempo para fortalecê-los e se tornem auto-suficientes. Para que os Pontos de cultura possam, depois desses dois anos e meio, se manterem sozinhos e sair da fila. Nesse tempo, os Pontos de Cultura poderão criar seus próprios programas culturais, fortalecer sua presença junto a comunidade e criar produtos culturais que possam garantir recursos para fazer e divulgar seus prórpios filmes, seus próprios discos, suas bandas, as obras literárias, etc... De forma que eles possam, depois desses dois anos e meio, prescindir da ajuda governamental e se qualificar para outro tipo de ajuda, como dos setores produtivos. Eles terão mais mobilidade e não precisarão se sujeitarem aos auxílios iniciais do Governo Federal.

De que forma vão atuar os Pontos de Cultura e quais as garantias que eles serão instalados e a cultura chegue realmente à população?
Se os Pontos de Cultura são atividades já produzidas pelas comunidades, e essa é uma das condições para adquirir recursos do Ministério da Cultura. Os Pontos de Cultura não são projetos instalados pelo Governo e nem imposto para a sociedade. Nós escolhemos uma comunidade, por exemplo, que faz um trabalho de leitura, ou de biblioteca. Então, a gente chega lá e apoiamos com recursos, com capacitação e etc, etc, etc... Se tiver outra comunidade que trabalha com música popular, percussão de instrumentos... A garantia que nós temos de que eles demandas reais da sociedade, que não são caprichos do gestor público, é o fato de que eles são iniciativas da própria sociedade. Essa é a garantia básica.

Além das iniciativas governamentais, o apoio dos empresários para a fomentação da cultura. De que forma o Ministério da Cultura está costurando uma parceria de políticas público/privada para a sociedade brasileira?
A iniciativa provada tem um papel fundamental na fomentação cultural das comunidades.O departamento de marketing das empresas precisam investir cada vez mais em cultura. Eu tenho dita que o poder público brasileiro e a gestão de cultura no Brasil precisam alinhar políticas publicas com recursos privados. Nós sabemos que, apesar da obrigação que os governos têm que carrear recursos para projetos culturais e sociais, os recursos públicos não são suficientes. É preciso que as empresas participem. No caso do Rio Grande do Norte, a grande empresa que é a Petrobrás, com recursos abundantes, vem fazendo investimentos em cultura e a empresa está cada vez mais afinada com as políticas públicas do Governo Federal. Aqui, a Petrobrás trabalha em parceria com o Governo do Estado em vários programas. Outras empresas precisam fazer o mesmo.

Ministro, as, não quer dizer que uma cidade como Mossoró, que tem o apoio da Petrobrás para vários eventos culturais não possa contar com os Pontos de Cultura?
Nós já temos alguns Pontos de Cultura em Mossoró. Os Pontos de Cultura independem das parcerias com as empresas. Os Pontos de Cultura começaram a ser feitos com recursos diretos do Governo Federal. Já há um interesse de alguns institutos criarem seus próprios Pontos de Cultura e seguir o modelo do programa do Ministério da Cultura, fazendo através dos seus próprios recursos privados.

Como o senhor analisa a cultura brasileira depois de Gilberto Gil?
Não sou eu que vai responder a essa pergunta. Quem fará isso é a história. Pelo fato de eu ser um artista engajado com a cultura pode ajudar a alavancar alguns projetos. Na medida em que eu ter sido capaz de juntar o capital simbólico a uma verdadeira capacidade administrativa no universo cultural brasileiro, acho que será bom para o Brasil.

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns pela entrevista, Alex!
Você, como sempre, um dínamo do jornalismo cultural!
Abs.
Lívio Oliveira