19 de setembro de 2008

Lenda e tradição de um vaqueiro seridoense

Construído em 1974, pelo padre Antenor Salvino, o Castelo Engady tem arquitetura em estilo mouro-medieval do século XV.
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Caicó é um lugar marcado pela fé, onde floresceu um povoado sob a prece de um vaqueiro. Conta a lenda que havia um Boi Mandigueiro, muito bravo, nas terras que pertenceram a Manoel de Souza Forte. Certo dia, um vaqueiro penetrando nessas terras, de repente, foi atacado pelo touro encantado.

Naquele momento de aperreio, o vaqueiro fez votos à Nossa Senhora de Sant’Ana para se livrar do perigo, prometendo construir uma capela em homenagem a santa na beira do Rio Seridó. O ano era seco e o único vestígio d’água era um poço as margens do rio Seridó. O vaqueiro reforçou seu voto à Sant’Ana para o poço não secar antes da construção da capela. O poço nunca mais secou.

Reza o dito popular que o espírito do touro sagrado, expulso da caatinga, foi se abrigar no poço, encantando-se no corpo de uma serpente enorme que destruirá a cidade, ou quando o poço secar, ou quando as águas do rio Seridó chegarem até o altar-mor da Matriz de Caicó.

“Se valendo da soberana, a virgem santa,/ foi no Poço de Sant’ana que nasceu meu Caicó/”, declamou em versos o poeta e artista plástico Custódio Medeiros, justificando a lenda da origem da cidade.

Deixando de lado certas oralidades populares, o fato é que a maioria dos esgotos sanitários de Caicó são despejados no rio Seridó. Não há uma preocupação visível para acabar com essa situação alarmante. A ironia é que o Educandário Santa Terezinha, da congregação Filhas do Amor Divino – onde a governadora Wilma de Faria estudou internamente durante sua adolescência – continua despejando dejetos exatamente em cima do Poço de Sant’Ana.

Tem sempre alguém reclamando do descaso da prefeitura, permitindo que a poluição no rio Seridó aumentasse a cada ano. “A grande serpente que vive escondida no Poço de Sant’Ana deve estar morta, ou no mínimo, muito intoxicada com a enorme quantidade de poluição que engole, todo dia, vinda do Educandário Santa Terezinha”, ressaltou um caicoense gaiato.

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