Cefas Carvalho
Leu o que havia escrito. Não gostou. Ou gostou de forma estranha, um gostar sem realmente apreciar. Na verdade, nunca amava o que escrevia. Ou talvez amasse, mas de forma inusitada, como deve ser o amor. Escrevera daquela vez sobre um navio, que, colhido em alto mar por uma tempestade, começava a afundar no oceano.
Leu o que havia escrito. Não gostou. Ou gostou de forma estranha, um gostar sem realmente apreciar. Na verdade, nunca amava o que escrevia. Ou talvez amasse, mas de forma inusitada, como deve ser o amor. Escrevera daquela vez sobre um navio, que, colhido em alto mar por uma tempestade, começava a afundar no oceano.
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Nunca estivera em um navio, antes, pelo menos não quem se lembrasse. Teria feito uma analogia? Que seria o navio? Sua vida? O amor que poderia se afogar no oceano do dia a dia? Ou, seriam apenas suas leituras passadas, remotas – Moby Dick, Odisséia – que vinham brincar em sua mente e o induzir a escrever.
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O navio afundou, pois então. Havia um barco salva vidas, mas apenas um, e todos os quinze tripulantes fizeram um pacto para, juntos, morrerem no navio sagrado que construíram e com o qual sonharam em conquistar o mundo, ou pelo menos, um mundo, como o famigerado Cortés. Era o fim da história, então. Releu o que havia escrito.
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Sorriu para si mesmo e pensou se queria realmente ter escrito sobre um navio que afundava e um pacto de morte. Acendeu um isqueiro e queimou a folha de papel no cinzeiro...
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