10 de outubro de 2008

Talento no rádio e perseguição política

O dono da voz é o profissional da comunicação que reúne em si um pouco de tudo. Muitas vezes conselheiro, formador de opinião, anunciador de boas novas ou arranjador de encrencas. Tem para todos os gostos.

Na verdade, o radialista é um operário da comunidade. Alguém que dedica seu trabalho para o congraçamento de um povo, não importando para quantas pessoas possa falar. Ele é o elo entre os sentimentos de sua mensagem, com o pensamento, ou com os interesses daqueles que fazem sua audiência, ou pagam para que ela exista.

Próximo a campanha para prefeito de 2004, Edi Lima foi convidado para trabalhar na campanha do adversário político de Assis da Padaria, atual prefeito de Santana do Matos. Como um bom profissional, o intrépido radialista aceitou a proposta, sendo escorraçado da Rádio Comunitária pelo diretor geral, Cipriano Correia, mesmo o programa “Noite Total” ter conseguido a maior audiência da Rádio.

Com uma bagagem de comunicador na cabeça, depois de ter uma experiência prática por mais de seis anos como radialista, Edi Lima montou um estúdio em sua casa para fazer vinhetas e comerciais a serem veiculados na Rádio. “O pessoal da Rádio proibiu que os comerciantes divulgassem serviços e produtos porque o material sonoro era feito no meu estúdio”, relatou.

Depois de uma guerra judicial, Edi Lima ganhou o direito de poder ter seus comerciais transmitidos através da Rádio Comunitária. Enquanto isso, o prefeito Assis da Padaria perseguia o jovem funcionário da prefeitura, o devolvendo para a função de gari, como se a divergência política fosse passível de um castigo que anulasse o talento.

Como há um dispositivo na Lei Municipal, que não permite o pessoal da limpeza (ASG) trabalhasse recolhendo lixo, o prefeito encaminhou Edi Lima para trabalhar no Matadouro Público municipal. Durante o período matutino, o radialista exerce sua função municipal limpando as vísceras e sangue dos animais mortos, ao passo que seu talento é desperdiçado em meio à carnagem de boi, carneiros e porcos para o consumo público.

Enquanto as discordâncias políticas prevalecem, trancando as portas da gloriosa Rádio Comunitária Timbaúba FM, Edi Lima segue asseando o Matadouro, gravando seus programas para outras rádios comunitárias da região, fazendo sua voz ressoar através do pé da Serra de Santana.

Da borda de um tanque de lavar roupas, à mesa de um escritório; do balcão sujo de graxa de uma oficina, ao consultório médico; de uma cozinha, à boléia do caminhão; do aconchego do quarto, à varanda da casa no sítio. Não importa o lugar e nem à distância, pois, lá estará a voz de Ed Lima, se comunicando com o povo, mostrando seu talento de comunicador nato.

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