11 de janeiro de 2009

Impressões de de Oswaldo Cruz no Rio Grande do Norte

AG Sued
Abimael com a mais nova "cria" do Sebo Vermelho.

A literatura potiguar começa o ano resgatando capítulos importantes da memória do Estado. Acaba de ser lançado o livro "Presença de Oswaldo Cruz no Rio Grande do Norte", pelo Sebo Vermelho. A obra resgata três cartas que o sanitarista escreveu à sua esposa durante uma expedição pelos portos brasileiros.

Conhecido pela importante atuação na saúde pública brasileira, erradicando a febre amarela, o médico sanitarista Oswaldo Cruz esteve no Rio Grande do Norte em 1905, quando exercia o cargo de diretor geral de Saúde Pública, cargo equivalente ao de ministro da Saúde hoje em dia, promovendo viagens de inspeção aos portos brasileiros.

O resgate da passagem pelo Rio Grande do Norte foi feito pelo advogado Frank Correia, através de cartas que o sanitarista escreveu à sua esposa. "Entrei em contato com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e fiquei sabendo da existência dessas três cartas, que fazem parte do chamado Dossiê Miloca", explica Correia.

As três cartas que o sanitarista escreveu retratando as cidades de Touros, Macau e Areia Branca ganharam anotações do próprio Frank Correia e viraram o livro. O Dossiê-Miloca, como é chamado o conjunto de 29 cartas que escreveu a Emília da Fonseca, sua esposa, que ele chamava carinhosamente de Miloca.

Correia garante que não tem conhecimento da publicação dessas cartas. "Elas devem ser inéditas". Conforme o advogado, nas missivas, Oswaldo Cruz fala da topografia, arquitetura, os hábitos e costumes das cidades, além do comportamento das pessoas. "O Diário de Natal, que era o jornal de oposição dirigido por Elias Souto, não faz nenhuma menção à visita", disse.

O livro traz a reprodução das três cartas escritas no Rio Grande do Norte e Correia acresceu diversas notas explicativas, informando o significado de algumas expressões que não são mais utilizadas hoje em dia, e também informações históricas que enriquecem a leitura.

A primeira carta escrita pelo sanitarista no Rio Grande do Norte foi em 21 de outubro de 1905, em Touros. A segunda foi escrita em Macau, em 22 de outubro, e a terceira carta é datada de 24 de outubro, escrita em Areia Branca, sendo a carta mais dramática, pois ele descrevia o flagelo da seca que havia cinco anos maltratava o Rio Grande do Norte.

Memória rara para o RN

Para o editor da publicação, Abimael Silva, o livro é uma raridade e sua importância passou despercebida até mesmo por Vingt-un Rosado, o homem que publicou mais de quatro mil títulos pela Coleção Mossoroense, principalmente sobre Mossoró e região.

"O livro é tão raro que o doutor Vingt-un não tomou conhecimento do texto", explica Abimael. Conforme o editor, na passagem do sanitarista por Areia Branca, ele faz várias citações a Mossoró e toda região salineira. "Nem o genial Luís da Câmara Cascudo percebeu sua presença entre nós", ressaltou o editor.

No início da carta em Areia Branca, Oswaldo Cruz escreve: "(...) partindo de Macau, navegamos em direção à volta de Areia Branca, que é porto de mar da cidade de Mossoró, antiga Santa Luzia, considerada a cidade mais importante do Rio Grande do Norte."

Figurando na 147.ª edição da Coleção João Nicodemos de Lima, o livro "Presença de Oswaldo Cruz no Rio Grande do Norte" é a primeira obra do Sebo Vermelho editada neste ano de 2009, cujo projeto do editor Abimael é lançar 40 títulos até o final do ano. "Depois do carnaval, vou lançar o livro em Mossoró", promete o editor.


Presença de Oswaldo Cruz no Rio Grande do Norte
Sebo Vermelho Edições
83 páginas
R$ 20,00

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns ao amigo Abimael, por sua luta, resgatando a cultura, e preservando a natureza humana de uma Natal ainda esquecida, não e condidato pelo PT, não exerce cargo público, nem exibe sobrenome de peso na politica do RN, e tá sempre atuante em defender a cultura...vc merece meu respeito.