6 de janeiro de 2009

Informes Literários

Acordo ortográfico
O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa propõe uma ortografia única a ser usada por todos os países de língua portuguesa. Foi assinado em 1991, mas apenas este ano foi ratificado por todos os governos. O Acordo possibilita a criação de normas ortográficas comuns para as variantes da língua portuguesa, facilita a difusão bibliográfica e de novas tecnologias, reduz o custo econômico e financeiro da produção de livros e documentos. Em outubro, o Ministério da Educação anunciou que irá comprar e distribuir, em 2009, dicionários já atualizados com as novas regras.

Ano Nacional Machado de Assis
Para marcar o centenário da morte daquele que talvez seja o maior expoente das letras brasileiras, 2008 foi declarado o Ano Nacional Machado de Assis. Seminários, conferências, exposições e lançamentos foram dedicados ao autor de Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, Memorial de Aires e outros romances, além de contos, poesias, artigos, crônicas e peças de teatro. Um ano também em que se celebrou o nascimento de dois outros gigantes da literatura: o Padre Vieira, 400 anos, e Guimarães Rosa, 100 anos.

Mais cultura, mais livros
Em 2007, foi lançado o Programa Mais Cultura, com uma previsão de investimentos de R$ 4,7 bilhões até 2010. O orçamento do MinC para o Programa Mais Cultura em 2008 atingiu R$ 226 milhões. Dentro deste programa, foi criado o Concurso Pontos de Leitura 2008 - Edição Machado de Assis, que teve mais de 700 inscritos. Já o Projeto Leitura para Todos anunciou, em setembro, a implantação de 122 salas de leitura, sendo que cada unidade é composta por um acervo de mil livros - 500 títulos com dois exemplares cada, um para empréstimo e outro para leitura no local. Também vale lembrar do Fórum Literatura na Escola - Biblioteca Escolar e Mediação da Leitura, promovido pelos ministérios da Educação e da Cultura, que aconteceu em Brasília nos dias 24 e 25 de julho, quando foi feita uma série de sugestões para o fomento à leitura e à difusão da literatura brasileira.

Intercâmbio de experiências e idéias
Em 2008, houve a intensificação da troca de experiências nacionais e internacionais entre profissionais e demais interessados na promoção e incentivo à leitura. Este foi um dos objetivos, por exemplo, do II Fórum do Plano Nacional do Livro e Leitura (clique aqui para ler o relatório final) que, em agosto, debateu a valorização das bibliotecas e disseminação da informação. Na ocasião, foram apresentadas e discutidas as experiências de promoção e incentivo à leitura nas diversas regiões do Brasil, assim como projetos da França, Chile e Colômbia. Concomitantemente, no I Seminário Internacional de Bibliotecas Públicas e Comunitárias, foram apresentadas experiências nacionais e internacionais bem sucedidas na área de promoção, mediação e incentivo à leitura, incluindo projetos de acessibilidade para pessoas com baixa visão e cegas. E a mesma ênfase no diálogo foi vista no III Seminário dos Planos Nacionais do Livro e Leitura no Mercosul, que aconteceu em novembro, quando se discutiu políticas de desenvolvimento da prática da leitura e o processo de constituição e consolidação dos planos nacionais de livro e leitura no Mercosul e demais países da América Latina.

Instituto Nacional do Livro
A recriação do Instituto Nacional do Livro (INL) foi um dos temas mais debatidos este ano por editores, escritores e livreiros. Em agosto, durante a 20ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, o ministro da Cultura Juca Ferreira recebeu um documento pedindo a volta do INL. Em outubro, este foi um dos temas discutidos no I Seminário de Políticas de Incentivo à Leitura no Brasil. O Governo Federal negocia a criação do Instituto do Livro e Leitura no Brasil, que deverá centralizar a gestão política, hoje a cargo da Fundação Biblioteca Nacional, e administrará o orçamento do MinC para esse setor. A contribuição estimada do mercado é de R$ 60 milhões por ano e a do governo, R$ 40 milhões. Para o secretário executivo do PNLL, José Castilho Marques Neto, "com o instituto, haverá maior poder de pressão e aglutinação de verbas. É uma forma de reforçar a musculatura para as políticas do livro".

Fundo Pró-Leitura
O Fundo Pró-Leitura é a contrapartida do setor livreiro - com 1% de seu faturamento anual ? à desoneração de PIS e Cofins sobre o livro. A previsão é que gere cerca de R$ 46 milhões por ano para ações que democratizem o acesso ao livro e transformem a qualidade da capacidade leitora no Brasil. Mas ainda há discussões sobre essa contribuição. No dia 29 de outubro, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, afirmou que o Fundo Pró-Leitura - forma de financiamento das ações previstas no Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) - poderá ser criado por decreto presidencial. Caso a proposta de criação do fundo precise passar pelo Congresso, o ministro acredita que terá apoio de deputados e senadores para sua aprovação.

Retratos da Leitura no Brasil
Elaborada pelo Instituto Pró-Livro, a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil teve seus resultados divulgados em maio. O estudo indica que o Brasil tem hoje cerca de 95 milhões de leitores - número deduzido a partir da porcentagem de pessoas que declararam ter lido pelo menos um livro nos últimos três meses. Foram entrevistadas mais de cinco mil pessoas em 311 municípios brasileiros. Entre outros dados, a pesquisa mostra que os brasileiros estão lendo mais, que há mais mulheres leitoras do que homens e que apenas um décimo da população tem o hábito de freqüentar bibliotecas. A Bíblia é o livro mais conhecido pelos brasileiros - 43 milhões de pessoas afirmam já a terem lido. Na lista dos autores mais populares no país, Monteiro Lobato, Paulo Coelho, Jorge Amado e Machado de Assis. Em média, o brasileiro lê 4,7 livros a cada ano.

O futuro do livro e da leitura
Desde que começou a rápida difusão das mídias digitais em meados dos anos 90, freqüentemente se coloca a questão da sobrevivência do livro impresso - e também das editoras. A edição 02 do Libro al Dia, publicado em abril pelo Cerlalc (Centro Regional para o Fomento ao Livro na América Latina e Caribe), é dedicada a pensar as oportunidades abertas com o mundo digital, questionando sobre como essas tecnologias afetam o sistema de produção e o acesso ao livro e quais são os benefícios da Internet. Em maio, Robert McCrum, editor de livros do The Observer, escreveu seu último texto para o jornal britânico. Tratava-se justamente de uma reflexão sobre as transformações presenciadas por ele nos últimos 10 anos, quando um mundo de "papel, tinta, café e cigarros" foi revolucionado por novos escritores, muito dinheiro, a internet, prêmios lucrativos e festivais literários. E as inovações não param, como mostra o sucesso em 2008 dos "telefones inteligentes". Já há serviços de compra e leitura de livros por esta nova mídia, que trazem algumas adaptações, como "lembretes automáticos dos livros que pararam de ler, particularmente quando mudarem de músicas ou estiverem atendendo o celular". Paralelamente, em 2008 também se debateu o fortalecimento das habilidades empresariais dos livreiros latino-americanos, como aconteceu no Seminário Internacional para Editores e Livreiros "A livraria e seus clientes", promovido pelo Cerlalc em outubro, no México. Outro seminário da mesma instituição discutiu, em setembro, indicadores culturais latino-americanos.

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