2 de fevereiro de 2009

Nem toda nudez será castigada

ARTIGO

Foto Web
Por Flávio Rezende*

Devemos agradecer todos os dias o fato de estarmos tendo uma experiência corporal e de morarmos num planeta, que apesar de ser expiatório, é divino e maravilhoso.

A experiência em um corpo é o ápice da evolução do hominal neste plano terráqueo, devendo o espírito evoluir no futuro para estágios incorpóreos, passando por sensações fantásticas de uma vida sem carne e osso.

Se hoje já é possível amar a vida como ela é, para muitos que conseguem perceber o DNA da divindade em todos os cantos e recantos do planeta, imagina quando estivermos em planos espirituais mais elevados. O futuro é ouro puro para todos nós.
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Amando intensamente tudo que nos cerca e querendo bem a todos os seres existentes, a cada dia, a cada caminhada, vou mergulhando alegremente em aspectos do cotidiano que teimo em repassar para meus leitores, esperando estar contribuindo de alguma maneira, para a felicidade de alguns.
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Dias atrás, bailando meus passos pela praia de Ponta Negra, palco de minhas extasiantes caminhadas com músicas como "My Sweet Lord", "Imagine", "Planeta Água" e "Bandolins", além de Novos Baianos, Gil, Ravi Shankar, Nando Cordel e Beatles, fiquei com uma vontade louca de ficar nu.
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As leis atuais e o preconceito vigente, mesclados com a moral judaico-cristã, impedem qualquer ousadia neste sentido. Restrito por causa destes detalhes comecei a refletir sobre o nosso maravilhoso corpo humano.
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Planejado e aperfeiçoado ao longo de bilhões de anos, o nosso corpo é uma fantástica engenhoca que deixa de boca aberta os biólogos, médicos, engenheiros, arquitetos, místicos e toda uma miríade de seres que percebem o quanto somos abençoados com este invólucro carnal.
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Com esta casa apta a albergar espíritos necessitados de experiências evolutivas no plano material, nossa espécie tem nestes corpos uma hospedagem sadia e, bastante tranqüila, exceção para aqueles que teimam em drogar, inchar e aniquilar de maneiras várias, este precioso lar, que mesmo vilipendiado, agredido cotidianamente, ainda tem a capacidade de autocura impressionante, do contrário a média de vida em nosso planeta estaria em torno de 50 anos, no máximo.
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Então diante de um maravilhoso templo, de um fantástico lar e de um exuberante equipamento para nossa vida, por qual motivo devemos cobri-lo obrigatoriamente, ou partes dele, como se o mesmo fosse feio, impuro ou impróprio.
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Ao longo dos anos fomos cobrindo o corpo por causa do frio, do calor, doenças etc., mas isso deve ser uma opção, uma atitude sazonal devido a questões como essas. Se um ser desejar andar nu, totalmente, sem realizar obscenidades com os demais, tendo um comportamento normal como se tem com roupas, por qual motivo essa opção é tida como um crime e proibida em praticamente todo o globo, com exceção de algumas regiões da África, Índia e em tribos indígenas?
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O corpo físico pertence individualmente a cada espírito que o ocupa temporariamente. Cabe a cada ser decidir como ornamentá-lo, como cobri-lo ou se não deseja tais coisas.
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Não acredito que Deus, Jesus, Krishna, ou seja, lá quem for que esteja numa posição elevada de juiz da humanidade, vá achar ruim alguém andar nu por ai.
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É difícil acreditar que toda nudez será castigada. Espiritualmente não vejo como o nu ser condenado. Quanto à lei dos homens, ainda teremos muitos anos pela frente para que haja um reconhecimento mundial, que o nosso templo, que o nosso lar é sadio, é bonito e pertence a cada um de nós, devendo só ao dono dele, assim como fazemos em nossas casas materiais, decidir se o corpo deve ser coberto ou não.
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Para mim, se feita de maneira natural, toda nudez será abençoada.

* É escritor e jornalista em Natal/RN

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