2 de fevereiro de 2009

Todas as artes do mundo num só lugar

Fotos: AG Sued

Sem dúvida nenhuma, a Feira Internacional de Artesanato (Fiart) é um sucesso muito grande, atraindo centenas de artesões de vários países e de todos os Estados brasileiros ao pavilhão de exposições do Centro de Convenção de Natal. A 14ª edição da Fiart começou na semana passada e terminou nesse domingo, 1 de fevereiro.

Já consolidado como um dos maiores e mais importantes eventos no setor de artesanato do Rio Grande do Norte, a Fiart atrai turistas e natalenses para um mundo encantado, onde o comércio e a arte se misturam ao longo de imensos corredores de barracas, que oferecem as mais diversas quinquilharias do planeta. Tudo ao gosto do freguês.

Logo na entrada da feira, o visitante se deparava com a casa de taipa do poeta assuense Paulo Varela, que há quatro anos monta a “estrutura matuta” com todas as características de uma típica residência de sítio. A esposa do poeta usa o fogão a lenha para fazer sopa, café e outros sabores, enquanto o poeta Paulo Varela fica no alpendre da casa, declamando versos e chamando as pessoas para conhecer uma casa sertaneja de verdade.

Um pavilhão especial abriga o V Salão do Artesanato Potiguar, mostrando as mais diversas tendências em objetos de decoração e uso pessoal, vindo dos mais diferentes recantos do Rio Grande do Norte. O Governo do Estado, através do Proart, convidou 155 entidades, entre cooperativas e associações de artesanato, para participar da Fiart, representando o trabalho de mais de 2.000 artesãos potiguares.

Um grupo de quatro artesões veio de Alexandria. Numa barraca repleta de artesanato, Sueli Moreira expõe seus trabalhos feitos em fuxico e bordados, além de bonecas estilizadas, panos de pratos bordados, entre outros produtos. Conforme Sueli, a perspectiva do grupo é vender todos os produtos trazidos da terra da Serra da Barriguda.

De Mossoró, sete artesãs trouxeram produtos manufaturado de 100 artistas mossoroenses pertencentes a AMO (Artesanato Mossoroense). Segundo Luleide Dantas, moradora do bairro Santo Antônio, a AMO é uma associação onde agrega centenas de artistas da Terra da Liberdade. “A entidade está participando desde as primeira Fiart”, ressaltou Zuleide, enquanto oferecia uma boneca de pano à uma cliente.
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Personagens que fazem a Fiart
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Poeta assuense Paulo Varela na sua Casa de Taipa, armada na entrada da Fiart.

Como todo evento internacional de respeito, onde reúne centenas de pessoas vindas dos cinco continentes, a Fiart abriga uma fauna de gente diferente falando as mais diversas línguas e sotaques. Artistas de quase todos os Estados brasileiros e artesões de 17 países estão expondo sua arte nas centenas de estandes espalhadas pelo Pavilhão das Dunas.

Com um cocar na cabeça, e penas adornando o corpo, a índia Maués do Amazonas atraia seus clientes para vender colares de sementes, esculturas em madeiras com temas indígenas, arcos e flechas, além de instrumentos de percussão utilizados nas aldeias em dias de festas. “A Fiart é uma oportunidade para mostrar como vive o índio brasileiro”, ressaltou a índia Ive Tomaz.

A jovem pernambucana Vanessa Costa vende produtos do Paquistão e tentava convencer a freguesia a comprar um par de sapatilhas típicas paquistanesa, onde não há o pé direito ou esquerdo. “Temos túnicas, bolsas, adereços, brincos, colares e outros íntens direcionados para embelezar as mulheres. Tudo muito colorido”, disse Vanessa

O santeiro piauiense Edmilson Lopes talhava um totem de madeira, onde aparecia o rosto de vários santos do romanceiro popular. O entalhador de santos estava representando a Cooperativa de Santeiros do Piauí. Na barraca em frente, Daniel Monteiro exibia personagens populares em miniatura de 10 cm feitos de chumbo, entre eles os Beatles, Homem Aranha, Raul Seixas, Sadan Hussein, entre outros.
Noutra barraca, algumas esculturas chamavam a atenção pela mistura de barro, madeira e couro de bode juntos, formando estátuas em tamanho grande. O artesão paraibano Roberto Holanda busca resgatar em suas peças o processo étnico da população brasileira. “A cor das esculturas é da raça negra, as características das feições são da raça branca e a indumentária de couro é indígena”, explicou.

De Juazeiro do Norte, alguns artesões trouxeram esculturas de Padre Cícero e de Frei Damião, além de outros santos famosos como Santo Antônio e São Francisco. Porém, o destaque da barraca cearense ficou com o cordelista José Lourenço, que apresentava xilogravuras em azulejos e toda a feitura de um folheto de cordel. Centenas de livros do cordelistas estava pendurados em varal, como manda a tradição.

A Feira Internacional de Artesanato é um universo de gente interessante, apresentando as mais diversas manifestações artísticas. A Fiart também é uma oportunidade para o encontro de povos, onde a arte proporciona o intercâmbio cultural e social num grande fórum de estilos de arte contemporânea.

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