4 de março de 2009

As Cores do sertão na fotografia de Jean Lopes

Texto: Alexandro Gurgel
Fotos: AG Sued

Antes de tudo, a fotografia é uma atividade divertida. É feita para registrar lembranças e comunicar nossas idéias e pensamentos, e é a única em sua capacidade de congelar para sempre um determinado instante do tempo. É isso, talvez, que lhe confere um encanto universal. (John Hedgecoe, fotógrafo e escritor)

Em grego, “foto” significa luz e “grafia” significa escrita, portanto “fotografia” é uma corruptela para dizer “escrita de luz”. Tudo na fotografia depende da luz. Quando o fotógrafo clica, ele está escrevendo a imagem com a luz numa caixa preta, captando a atmosfera do ambiente que se transformará em fotografia. Entretanto, para se obter o máximo de impacto com a imagem, será preciso conhecer plenamente o equipamento e algumas regras de composição.

Assim como a música, a fotografia é uma arte universal que transmite suas mensagens com maior força e de modo mais direto que as palavras. Percebendo a força desse veículo, o fotógrafo Jean Lopes tem sido destaque na mídia com a conquista de vários prêmios importantes de fotografia, além de mostrar seu talento, revelando cenas que acontecem em Açu, cidade onde mora e atua profissionalmente.

Com 15 anos de carreira, Jean Lopes vem colecionando prêmios nacionais de fotografia, que já são cerca de 50 entre nacionais e locais. Com a foto “Pau de Sebo”, ele conquistou um dos mais disputados prêmios do ramo, em toda a América Latina: o “Leica – Fotografe”, na categoria “Foto Ensaio”, resultado de seis anos de produção fotográfica de um dos eventos mais tradicionais de Assu, durante o período junino.

E não foi só isso. Jean Lopes já foi premiado três vezes nesse mesmo concurso, feito que nunca aconteceu antes com outro fotógrafo. Em 2006, ele levou o prêmio na categoria “Foto Cor”; e ano passado, ficou em terceiro lugar na categoria “Preto & Branco”. O Pau de Sebo também conquistou o primeiro lugar no concurso “Um olhar sobre a Cultura Potiguar”, realizado em 2007 por uma instituição privada, batendo mais de 400 imagens que disputavam o prêmio em dinheiro.

Jean Lopes admite que suas fotos tenham cores marcantes e as cenas parecem surreais, quando se juntam composição, luz e cenário. Mas, ele garante que basicamente não usa recursos eletrônicos para finalizar as fotos. Noventa por cento acontece na relação do olhar com o espaço e o movimento de clicar o equipamento. “Evito manipular muito as fotos ou usar recursos de Photoshop. O máximo que faço é ganho de contraste e saturação de curva”, explica.

Conforme Adrovando Claro, repórter-fográfico e diretor da Associação Potiguar de Fotografia (Aphoto), a fotografia de Jean Lopes é uma arte porque mescla entre forma e luz, dando a impressão de que o olhar está observando uma gravura ou um desenho de uma pintura. “Ele realmente pinta um cena com a luz, usando a câmera para captar aquela composição natural”, enfatizou Adrovando.

O próprio Jean Lopes diz que a fotografia artística não é sua maior preocupação, contradizendo bancas de concursos e opiniões de fotógrafos renomados. “Se estou ou não fazendo arte não é minha preocupação principal. Quero mesmo é fazer uma boa fotografia e que atenda à estética que eu persigo. Agora, é lógico que se alguém achar que é arte, eu vou ficar muito feliz”, completou.

Uma vida de imagens assuenses

O blogueiro entrevistando Jean Lopes

Usando sempre uma câmera Canon 30D e três lentes: 17-85, 70-200, e a 50 mm, Jean Lopes nasceu, cresceu, fez família e vive em Açu, cidade de 50 mil habitantes, a 220 km de Natal. Em Açu, ele trabalha como fotógrafo profissional, fazendo coberturas políticas, como repórter-fotográfico ou em eventos. Dono de um olhar singular sobre as cores do sertão nordestino, suas imagens transcendem a terra potiguar.

Aos 37 anos, Jean disse que começou a se interessar por fotografia no final dos anos 80, quando folhava as páginas da Revista Veja. “Eu recordo o impacto que causou a primeira vez que vi uma foto do mestre Sebastião Salgado, numa edição especial da revista. Descobri ali que uma fotografia podia ser tocante, expressando uma emoção”, disse.

Através de um curso por correspondência e sob influência do irmão artista plástico Gilvan Lopes, Jean começou a fotografar no início dos anos 90. Rapidamente percebeu que podia fazer muito mais do que ganhar dinheiro e ao longo da carreira tem investido em ensaios fotógraficos da cultura regional, como o excelente “Pau-de-Sebo”, premiado pela revista Fotografe Melhor, em 2007.

No final de dezembro, Jean Lopes esteve em Natal para realizar suas primeira exposição individual e fazer uma palestra, no Parque da Cidade (prolongamento da Avenida da Prudente de Morais), organizado pela Zoon Fotografia e pelo curso de fotografia do Sesc, através dos professores Henrique José e Max Pereira. “É um honra poder realizar minha primeira exposição individual em Natal”, disse Jean.

Uma boa fotografia é o resultado de aliar a estética à algumas regras de composição. Depois de assimilada, elas se incorporam ao olhar. Adicione a tudo isso criatividade e o leitor se surpreenderá com os resultados obtidos por Jean Lopes, esse fotógrafo açuense com destaque na mídia nacional. “Nunca quis limitar meu trabalho à fotografia comercial, o que me mantém. Queria ir mais além e desenvolver um trabalho documental, que é o que me dá prazer”, ressaltou Jean.

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