2 de junho de 2009

Documentário que conta chacina em São Gonçalo do Amarante estreia hoje

A sessão no cinemark será fechada para convidados, mas no dia 9, às 19h30, no Teatro de Cultura Popular (TCP), a exibição de 'Sangue do Barro' será aberta ao público. Na quinta-feira (4), o documentário também será apresentado em duas sessões, 19h e 20h30, no Teatro Municipal de São Gonçalo do Amarante.

O documentário "Sangue do Barro" estreia hoje no Cinemark, em Natal, às 21h. O vídeo reconstrói, através de relatos da população, o dia 19 de maio de 1997, quando Genildo Ferreira de França assassinou 14 pessoas, num período de 24 horas, em Santo Antônio dos Barreiros, no município de São Gonçalo do Amarante.

Idealizado pelos diretores potiguares Fábio DeSilva e Mary Land Brito, o vídeo de 52 minutos traz em linguagem cinematográfica a vida da comunidade antes e depois do fato que ficou conhecido mundialmente. O caso teve repercussão da mídia local a internacional, sendo divulgado no impresso 'The New York Times', bem como na emissora de TV, 'CNN'.

Genildo Ferreira, 27 anos, era conhecido pelos populares como Neguinho de Zé Ferreira. Agiu como cidadão comum até o dia da chacina, nunca tinha apresentando comportamento violento. A comunidade de Santo Antônio até hoje se pergunta a razão para o ocorrido.

De acordo com o amigo de infância Leon, é de grande relevância mostrar a personalidade do protagonista. "Para mim, como amigo dele, acho importante a sociedade ver com seus próprios olhos o que aconteceu, para tentar desmistificar o motivo que o levou a fazer aquilo", declarou Leon.

O documentário desvenda algumas dúvidas que não foram esclarecidas na época pela mídia como: o número exato de vítimas, a participação de prováveis cúmplices e a premeditação dos crimes.

Foram 33 entrevistados. Os personagens se diversificam entre familiares das vítimas, os filhos e ex-mulher de Genildo, além de pessoas da comunidade que cruzaram com ele na rua naquele dia. Consta ainda o depoimento do delegado Sérgio Leocádio, que esteve à frente da ação da polícia, e do repórter J. Gomes, a quem o assassino enviou uma carta que continha a lista dos nomes das vítimas.

Para o filho de Genildo e personagem do documentário, Cosme, é importante retomar o assunto. "Esse trabalho de Mary Land e Fábio me dá a oportunidade de esclarecer o que eu penso sobre o assunto. Eu vejo a chance de pedir desculpas à comunidade, apesar de eu não ter feito nada, mas também de lembrar um pouco como meu pai era antes daquele dia", afirmou Cosme.

'Sangue do barro' é o primeiro documentário, no Estado, fomentado pelo Doc TV- programa do Ministério da Cultura, que utiliza o formato para cinema. Captado em Hihg Definition Vídeo (HDV), tem 52 minutos, e em uma linguagem dinâmica narra o dia em que Genildo Ferreira cometeu os assassinatos.

O diretor Fábio DeSilva explicou porque utilizou a linguagem cinematográfica. "Desde o roteiro, feito por Mary Land e Geraldo Cavalcanti, tivemos o cuidado de preparar o filme para cinema, não só televisão. O tempo da narrativa é mais rápido na TV. Um filme permite cenas mais longas, explorando melhor, dessa forma, os detalhes. Outro ponto que trazemos é o cuidado com a cor, o espectador atento vai perceber, nas imagens abertas, um tom aproximado da cor do barro. Já nas imagens mais fechadas o tom azul-acinzentado reflete a atmosfera psicológica dos entrevistados", expôs o diretor.

A roteirista e também diretora do documentário, Mary Land Brito, definiu o filme como um marco na versão dos documentários norte-rio-grandenses. "Este documentário rompeu com o estilo que vinha sendo utilizado no Estado, nas versões anteriores do DocTV, que era o de mostrar grandes nomes da cultura potiguar.

De repente, trouxemos à tona a figura de um anti-herói, o que de início causou certo estranhamento. Porém, é importante deixar claro, que não temos a mínima intenção de colocá-lo na mesma categoria de heróis potiguares. O caso Genildo pra gente serve como fio condutor que costura diferentes conflitos sociais", concluiu a diretora.

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