1 de junho de 2009

O jornalismo regional da Intertevê

ARTIGO

por Gilmar Leite
poeta

Sou um telespectador da intertv no que se diz respeito a programação local, como jornalismo e outros. Sou Pernambucano, de São José do Egito, Vale do Pajeú, com vários anos residindo no RN. Morei 18 anos em Caicó e há 5 anos estou em Natal.

O que sempre me incomodou no jornalismo da intertve e outros é o fato de anunciar as manifestações daqui como regionais, pricipalmente na música. Sou parceiro de Galvão Filho, Babal, Mirabô Dantas, Pedro Breu, entre outros. A palavra "Regional" carrega uma carga de descriminação com o que é daqui de forma escondida, embora não seja esse o pensamento do jornalismo aqui feito; mas quando diz: Show com o artista regional fulano e show com o artista nacional sicrano.

Esse lógica, carrega por trás uma discriminação, limitando ao artista local às suas fronteiras e como se o trabalho não tivesse brasilidade, sem falar que o tal cachê é extremamente reduzido em relação ao chamado artista nacional, o que é muito ruim para o artista potiguar para a própria existência e uma produção de show mais eleborada, com bons músicos e produçao de palco.

O termo regional talvez seja fruto da academia universitária, em outros tempos, pois sou pesquisador da UFRN e tenho visto que essa lógica já perdeu muito da sua força com a valorização que a universidade vem dando às pesquisas que represetam a verdadeira alma do povo potiguar/brasileiro.

Toda música ou manifestação cultural é feita em uma região, não importa qual seja; até na lunar, seria da região lunar. rss. Por isso, o mesmo valor cultural, estético e artistico tanto pode exaltar uma "garota de ipanema", como pode louvar a beleza de uma sertaneja das barrancas do rio seridó. Não vejo diferença estética e cultural entre a música de Krystal e Marisa Monte, de Galvão Filho e Milton Nascimento. Todos cantam seus lugares e representam um povo.

Em Pernambuco, estado da minha origem natal, na Paraíba, onde morei um bom tempo, por causa da minha graduação, não se escuta as frases artista regional e artista nacioal. Escuta-se a palavra "música de Fulano ou de Sicrano". Tenho muito respeito por várias manifestações artisticas dessa terra. Ela é tão brasileira como as de Rio Grande do Sul, de São Paulo, do Rio de Janeiro, Minas Gerais ou de qualquer Estado da Federação. Não é por ser feita em um Estado de maior poder econômico que uma manifestação artisitica terá mais valor do que a outra.

O mestre Ivanildo Vila Nova disse certa vez.

Falar mal do Sertão hoje não ouço
Não me entrego ao cansaço ou enxaqueca
Um herói pelejando contra a seca
Contra a cheia combate sem sombrosso
Respeita a moral dum velho ou moço
Também que ver a sua ser respeitada
Sem Brasil a América é derrotada
Com Brasil a América vale mil
Sem nordeste o Brasil não é Brasil
E sem Sertão o Nordeste não é nada.

Um comentário:

Rachel Rabelo disse...

Parabenizo, pela exposição do texto do Poeta, Educador, Pesquisador, Gilma Leite.
Diria que apresenta-se profundo e bem direto a arte que se manifesta em território nacional e porquê não nacional?!
O pensamento condiz com a verdade a ser vivenciada e visualizada com mais firmeza pelos representantes da arte musical e poética.
Lindo texto!
Abraços,
Rachel Rabelo.